Dois anos depois, ainda urge a Justiça para Mãe Bernadete

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O domingo (17) marcou os dois anos do lamentável assassinato de Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. Ela foi brutalmente morta dentro de sua casa, no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho (BA), na Região Metropolitana de Salvador. Militante pelos direitos das comunidades quilombolas e de matrizes africanas, a liderança religiosa também integrava a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ).

 Segundo as investigações, a vida de Mãe Bernadete foi ceifada por ela denunciar traficantes e madeireiros que agiam ilegalmente na região, com o objetivo de explorar comercialmente as terras do Quilombo Pitanga dos Palmares. De acordo com informações do site Brasil de Fato, dois meses antes do assassinato, Maria Bernadete havia denunciado grupos ligados à especulação imobiliária, que passaram a ameaçá-la de morte. Na ocasião do assassinato, a ADUNEB divulgou nota manifestando indignação com a tragédia.

 Um ano após o crime, o Ministério Público denunciou cinco suspeitos que deverão ser julgados por júri popular. No entanto, apenas três estão detidos e cumprindo prisão preventiva. Além dos dois suspeitos que estão soltos, o julgamento ainda não tem data para acontecer.

 A Coordenação da ADUNEB reivindica o empenho da Secretaria de Segurança Pública na detenção dos dois foragidos, bem como a celeridade para o agendamento do julgamento, que deverá ser realizado com os rigores da lei e de maneira exemplar. A Seção Sindical também reivindica justiça para o assassinato do filho de Mãe Bernadete, Binho do Quilombo, há cerca de oito anos. Assim como a mãe, ele também militava pelos direitos das comunidades quilombolas.

 A ADUNEB reivindica ainda a titulação das terras quilombolas como medida de reparação e reconhecimento histórico, além de ser uma estratégia para garantir direitos e tentar minimizar os conflitos por território. Segundo o Censo Demográfico de 2022, a Bahia é o estado brasileiro com o maior número de quilombolas do país. Senhor do Bonfim, Salvador, Campo Formoso, Feira de Santana e Vitória da Conquista estão entre as dez maiores cidades do Brasil com população quilombola.

 

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