Solidariedade à professora Nathalia Wicpolt ameaçada de exoneração pelo Curso de Veterinária da UFBA

A Coordenação da Associação dos Docentes da UNEB (ADUNEB) manifesta solidariedade à professora Nathalia Wicpolt, docente do Curso de Veterinária da UFBA, que por evidente racismo institucional é ameaçada de exoneração na citada universidade pública. A Seção Sindical também convoca à categoria a assinar o Manifesto Nacional em Defesa das Políticas de Ações Afirmativas e em Solidariedade à Professora Nathália (clique aqui para assinar).
A docente Nathalia Wicpoltfoi aprovada em primeiro lugar na reserva de vagas para pessoas negras no concurso regido pelo Edital nº 01/2021. A norma é assegurada pela Lei de Cotas em Concursos Públicos (Lei 12.990/2014), atualizada, ampliada e substituída pela Lei 15.142/2025.
Na época do concurso, o resultado foi questionado judicialmente, por meio de um mandado de segurança, pelo candidato mais bem colocado no quesito de ampla concorrência. O docente já era professor substituto do curso e possuía vínculos com docentes do departamento. De todo o concurso, a professora Nathália era a única mulher negra e sem qualquer proximidade com a UFBA.
Por meio de um arranjo jurídico, a universidade encontrou um caminho para nomear os dois docentes, enquanto caminha na justiça os trâmites para o julgamento do processo sobre o concurso. Ressalta-se que nesse processo a UFBA proferiu recurso favorável à posse de Nathalia Wicpolt.
Com o decorrer do trabalho, as primeiras duas avaliações de estágio probatório da professora, de seis e 18 meses, foram extremamente positivas. Assim, consta no documento: “Durante o interstício avaliado, a Profa. Nathalia apresentou ótimo desempenho no exercício de suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração. Cumpriu de forma exemplar os seus deveres e obrigações como servidor público, os quais foram conduzidos com assiduidade, responsabilidade, qualidade e ética”.
Porém, na avaliação da terceira fase do estágio probatório, de 30 meses, após avaliações subjetivas sobre as condutas da professora, a comissão avaliadora emitiu um parecer orientando a não aprovação do relatório.
Segundo a análise funcional da docente, em nenhum momento a professora foi advertida ou teve processo administrativo. Nos 30 meses avaliados, entre outras atividades acadêmicas, ela ministrou aula na graduação nas disciplinas Toxicologia Veterinária e Terapêutica Veterinária, na residência em Introdução à Metodologia da Pesquisa; orientou duas monitoras e uma bolsista (PIBIEX); atuou como membro em banca de doutorado e em banca de seleção para professor substituto; registrou três projetos de pesquisa e publicou cinco artigos científicos em importantes periódicos da área.
Diferente de vergonhosos e tristes tempos passados, o universo acadêmico não deve (e nunca voltará a ser) um local em que se perpetua o pacto da branquitude. Ao invés de perseguição e racismo institucional, a atuação de professora Nathalia Wicpolt deveria ser exemplo de orgulho e êxito dos programas de políticas afirmativas e reparação histórica. A ADUNEB soma-se a outras entidades que lutam contra o racismo e reivindica a anulação da avaliação da terceira fase do estágio probatório de Nathalia e, ainda, que uma nova avaliação seja realizada por uma comissão externa, absolutamente isenta ao Curso de Veterinária.
