Solidariedade ao povo Pataxó, novamente ameaçado no Extremo-Sul da Bahia
A Coordenação da ADUNEB vem a público manifestar apoio e solidariedade ao povo Pataxó que, novamente, vem sendo ameaçado no Extremo-Sul da Bahia, por posseiros, grileiros, milicianos e fazendeiros ligados ao agronegócio, que tentam roubar as terras dos povos originários. O objetivo é o lucro advindo da comercialização ilegal de terras, da mineração e da exploração para o turismo predatório.
Os mais recentes episódios de violência contra os Pataxó tiveram início em 21 de outubro, na Terra Indígena (TI) Comexatiba (Cahy-Pequi), na região de Prado. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), na ocasião, um grupo de mulheres indígenas impediu que um operador de uma máquina derrubasse cajueiros antigos e mata nativa de suas terras. Relatos indígenas afirmam que a comunidade também encontrou na região uma carvoaria.
Após a ação indígena, um grupo de fazendeiros, apoiados por um vereador local, passou a confrontar e ameaçar a comunidade Pataxó. Segundo relatos de moradores locais, existe a suspeita de que o grupo faça parte de um bando de milicianos denominado Invasão Zero, em que a prática é o uso da violência para retirar indígenas das terras em que possuem direito.
Em uma carta divulgada, no mesmo dia 21, lideranças Pataxó denunciaram que o aumento do conflito se deve a uma decisão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ignorando a reivindicação histórica dos Pataxó por um território, a entidade teria facilitado a destinação das terras a projetos imobiliários. De acordo com a carta, os “lotes foram transformados em loteamentos e condomínios fechados, com a anuência das autoridades públicas, contrariando completamente a função, a finalidade e a destinação social dos Projetos de Reforma Agrária. Isso demonstra uma conivência com a especulação imobiliária que avança sobre nosso território, aumentando a destruição e o desmatamento".
Na segunda-feira (28), um novo momento de tensão aconteceu na aldeia Tibá, da TI Comexatibá. Homens encapuzados e fortemente armados invadiram o local e ameaçaram atirar contra os Pataxó, que agora temem por novas ameaças e pelas vidas de seus familiares.
A ADUNEB conclama a união das entidades e organizações políticas que reivindicam pautas progressistas a atuarem em defesa do povo Pataxó. Para proteger os povos originários, torna-se necessária a ação efetiva e imediata da FUNAI, assim como do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e da Secretaria de Segurança Pública da Bahia.
Caso contrário, novos assassinatos de indígenas acontecerão no Sul da Bahia, assim como os já denunciados pela ADUNEB nos últimos anos, a exemplo dos jovens Samuel Divino e Nawy Brito, em 17 de janeiro do ano passado ( clique aqui ), de Gustavo da Conceição, de apenas 14 anos, na mesma TI de Comexatibá ( clique aqui ); do homicídio do cacique Lucas Kariri-Sapuyá, após uma emboscada realizada por dois pistoleiros ( clique aqui ); e da tentativa de assassinato de outra liderança indígena (nome omitido por segurança), que recebeu seis tiros, em 20 de maio deste ano, entre a aldeia Vale das Palmeiras e Barra Velha, na região de Caraíva ( clique aqui ).
Com informações CIMI e Agência Brasil