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Docentes da UNEB repudiam descaso e desrespeito do Governo do Estado



Docentes da Universidade do Estado da Bahia manifestaram em assembleia geral, realizada no dia 16 de setembro, o repúdio pelo descaso e pelo desrespeito com os quais o governo estadual vem tratando a categoria e suas pautas. Suas reivindicações têm sido negligenciadas e, quando analisadas, são vistas unicamente pela ótica orçamentária. A categoria tem enfrentado uma defasagem salarial de cerca de 35%, desde 2015, além da perda de direitos, que precariza a carreira docente. 

Isso é reflexo da contradição do governo, de origem trabalhadora, que tem reproduzido o modus operandi de Rui Costa, priorizando obras de infraestrutura que conferem visibilidade e implantando uma racionalidade francamente neoliberal em detrimento dos direitos de trabalhadoras e trabalhadores do Estado. Além disso, na luta incessante que a categoria tem travado por seus direitos ela se depara com o total desrespeito do Governador Jerônimo Rodrigues, que se diz colega das professoras e dos professores apenas quando lhe é conveniente. Porém, na prática, desrespeita o movimento docente, inclusive, com críticas e comentários infelizes na imprensa, chegando ao ponto de dizer que paga salários em dia, como se isso fosse um favor e não a obrigação do Estado; além de tentar colocar docentes e estudantes em lados contrários de uma luta que é de ambos e em favor da educação superior pública de qualidade.

Muitas/os professoras/es trabalham há anos com salário defasado, sem adicional de insalubridade, sem a implantação de promoções ou progressões as quais têm direito por lei. Além disso, centenas de docentes comprometem mais de 20%, dos seus já defasados salários, com deslocamento e estadia para realizar a docência nos Departamentos do interior. O Governo nunca apresentou uma proposta que garanta a interiorização da graduação e da pós-graduação no estado da Bahia e as/os professoras(es) arcam com as despesas de deslocamento para realizar o trabalho nos campi do interior do Estado. É preciso considerar também que o direito à Mudança de Regime de trabalho só foi implementado após ganho judicial da ADUNEB. Docentes amargaram cerca de nove anos à espera da concessão desse direito. 

Somente após aprovação de indicativo de greve pelas quatro universidades do estado da Bahia, o Governo iniciou, em junho deste ano, um diálogo com as/os professoras(es). Mesmo com a disposição do movimento docente para negociar e flexibilizar, o Governo ainda não conseguiu apresentar uma proposta satisfatória à categoria. Com perdas salariais na casa dos 35%, docentes flexibilizaram ao ponto de requerer três parcelas de 5,5% em dois anos, que representa um ganho real de 4,1% ao ano. Porém, o Governo do Estado, que partiu de uma proposta de ganho real de 0,7% ao ano, propõe agora 1,7% de ganho real, segundo índice do Boletim Focus, pagos em três parcelas entre 2025 e 2026. A proposta ainda congela qualquer reajuste salarial para o ano de 2027. Diante desse cenário, é natural que o movimento docente questione a todas e todos: afinal, quem não está sendo flexível e respeitoso nessa negociação? 

Outro ponto sensível para a categoria são as promoções. Ainda este ano, houve a promessa de apresentar um sistema de controle e metodologia de implementação desse direito, o que não ocorreu até o momento. Para a categoria esta pauta não pode estar desvinculada da negociação salarial, pois traz impactos consideráveis à carreira docente. Mas o Governo, mesmo diante das constantes e incisivas solicitações das(os) representantes do movimento, vem postergando a discussão e focando a negociação apenas na pauta salarial, secundarizando os demais aspectos da pauta de reivindicações que também são prioritárias para a categoria. 

Portanto, a ADUNEB e as/os docentes que representa, repudiam o Governo do Estado da Bahia que não prioriza e não investe na educação superior pública em em suas/seus servidoras(es). O desinteresse do Governador Jerônimo Rodrigues pelas negociações e pelas(os) trabalhadoras(es) não deixa ao movimento docente outro caminho que não se fortalecer para seguir lutando com as estratégias disponíveis ao movimento sindical. Por isso, as universidades estaduais aprovaram esta semana o Estado de Greve, reafirmando sua disposição para o enfrentamento e para a defesa de seus direitos!