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Breno Altman lança o livro “Contra o Sionismo: Retrato de uma doutrina colonial e racista”



Ideias falsas sobre as disputas entre judeus e muçulmanos, as origens dos conflitos no Oriente Médio, o antissemitismo, o movimento sionista e outras questões relevantes para pensar e entender os conflitos entre Israel e Palestina que culminaram nos ataques que vem ocorrendo desde 7 de outubro de 2023, foram alguns pontos abordados pelo jornalista e professor Breno Altman no lançamento do livro “Contra o Sionismo: Retrato de uma doutrina colonial e racista”. O encontro, apoiado pela ADUNEB e outras instituições que compreendem a importância de refletir sobre essa questão, aconteceu nesta terça-feira (16), no auditório Jurandy Oliveira, no Departamento de Educação do Campus I, em Salvador.

A professora Edineiram Maciel, Coordenadora de Subseções Departamentais da ADUNEB, representou a seção sindical no encontro e destacou a relevância de apoiar iniciativas dessa natureza. “Trazer uma pessoa como Breno Altman para nos dar uma aula de história sobre um tema tão atual é reconhecer a importância de entender com mais profundidade e para além da visão da mídia de tradicional os meandros da guerra e do genicídio que está acontecendo naquela região”, afirmou a professora.

Foi nesse sentido que Altman deu início à sua fala desvelando que a ideia propagada pelos veículos de comunicação de que o que ocorre é um conflito religioso não revela suas reais motivações. Para dar conta dessa lacuna, voltou-se às origens das questões históricas e territoriais, que culminaram na criação do movimento sionista, corrente ideológica criada em resposta ao antisemitismo. Breno trouxe à plateia lotada do auditório aspectos da criação do Estado Judaico a partir da perspectiva de Theodor Herzl, que trata de um “estado racial judaico”; sobre o território como base da nacionalidade e sobre a desterritorialização do povo judaico e o seu percurso em busca da construção do Estado de Israel, incluindo a ocupação demográfica na região da Palestina. 

A compreensão do papel do imperialismo britânico para a criação de uma ponte estratégica através do Oriente Médio, a riqueza advinda da exploração do petróleo a partir do final do século XVIII também tiveram destaque na fala do professor. Em sua análise, trouxe também como ponto relevante o deslocamento dos judeus para a classe trabalhadora, ou seja, a proletarização da população judaica e seu envolvimento na luta revolucionária trabalhista, por exemplo. “A burguesia europeia via no sionismo uma forma de combater o marxismo dos judeus”, afirmou Breno. A partir disso, destaca os três pontos centrais do projeto de colonização sionista no território palestino: o colonialismo como povoamento, com o adensamento demográfico de judeus na Palestina; o colonialismo por segregação, com a criação de escolas, hospitais, clubes e afins só para judeus, evidenciando a diferenciação econômica percebida por palestinos que, então, iniciam luta por emprego e direitos com greves e manifestações; e, por último, a colonização pela força armada com a criação de milícias para proteger suas propriedades e atacar o povo.

O consenso geral de direito à proteção dos judeus a partir do genocídio da 2ª Guerra Mundial e a consequente “Partilha da Palestina” que garantiu 53,5% do território ao Estado de Israel; o Nakba, a primeira guerra árabe-israelense, na qual apoiado por potências ocidentais, Israel expande seu território para 79%, e a guerra dos 100 dias em que ocupou100% do território foi a forma com a qual o sionismo executou o seu projeto. Breno enfatizou a importância de retomar esse percurso para demonstrar que a situação de massacre antecede muito ao 7 de outubro de 2023. 

O autor enfatizou, ainda, que a Carta Magna da ONU assegura o direito aos povos coloniais de resistir à colonização com todas as formas de luta, incluindo a insurgência e a força armada, e que é dessa forma que opera a resistência Palestina. “Foi isso que aconteceu no dia 7, uma reação protegida por um direito internacional”, comenta o jornalista. Ao passo que Israel, ao se considerar dono da terra prometida ocupada, em sua perspectiva, indevidamente, pelos palestinos por 12 séculos, utiliza do genocídio como forma de responder a isso. 

O autor encerrou sua fala perguntando: como deter isso? Na sua visão, é necessária a adoção de manifestações públicas, visando obrigar os estados do Oriente Médio a encerrarem os conflitos. “Além disso, nosso papel, como brasileiros, defensores da democracia, é oferecer solidariedade irrestrita ao povo palestino”, finalizou Breno Altman.

Para Edineiram Maciel, a fala de Breno traz o entendimento de  que os povos árabes estão se defendendo do que Israel fez por décadas naquela região em nome de uma idealização religiosa que não justifica o que está acontecendo. A professora destaca também que a ADUNEB, ao apoiar o evento, cumpre também com seu papel na formação política da comunidade acadêmica e incentiva discussões que são de interesse de toda a população. Possibilita, também, mais subsídios e informações para que professoras e professores possam repensar essas questões com as/os estudantes. Por fim, Edineiram destaca que “essa é uma questão que possui muitas camadas e é de interesse de todas e todos nós, ainda mais ao considerarmos no contexto mundial o crescimento de uma direita ‘chamada nacionalista’, reacionária e fascista que vem destruindo povos e mentes”.