Notícias

Solidariedade ao povo Pataxó, que foi atacado e teve uma pajé assassinada no Sudoeste Baiano



 A Coordenação da ADUNEB manifesta solidariedade ao povo indígena Pataxó Hã-Hã-Hãe atacado, neste domingo (21), por um grupo de milícia de fazendeiros e pistoleiros, na região do município de Potiraguá, Sudoeste Baiano. Na ação ilegal e violenta, a pajé Maria de Fátima Muniz, carinhosamente conhecida como Nega Pataxó, foi assassinada. O cacique Nailton, irmão de Maria de Fátima, também alvejado por arma de fogo, foi levado ao hospital e não corre risco de morte. Segundo relatos de testemunhas indígenas, várias outras pessoas da comunidade também sofreram ferimentos e algumas estavam desaparecidas. 

A ação criminosa, organizada pelo grupo de latifundiários e fazendeiros, teria ocorrido para expulsar uma comunidade indígena que, no sábado (20), de maneira legítima, havia realizado a retomada de seu território em uma fazenda da região. O ato pacífico dos Pataxó Hã-Hã-Hãe teve a participação de mulheres, pessoas idosas e crianças. A intenção era chamar a atenção das autoridades públicas e da sociedade para a necessidade de celeridade na demarcação das terras indígenas e, enfim, a reparação histórica aos povos originários.

Testemunhas relataram ainda que um grupo de policiais militares presentes no local, teria apenas acompanhado a ação dos criminosos e, posteriormente, auxiliado na escolta dos fazendeiros e latifundiários.    

Repúdio

Além da solidariedade à comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãe, a ADUNEB repudia a ação criminosa dos latifundiários e empresários do agronegócio. A seção sindical soma sua voz a inúmeras outras entidades, que defendem os direitos indígenas e humanos, e reivindica a investigação e condenação dos culpados com os rigores da lei. Para a pacificação da região urge a intervenção do Ministério dos Povos Indígenas, do Ministério da Justiça, da Secretaria Geral da Presidência e do Ministério dos Direitos Humanos. 

A ADUNEB também ressalta a necessidade de explicações do Governo Estadual da Bahia sobre as denúncias relacionadas à conduta do grupo de PMs presentes no violento episódio e que, segundo testemunhas, teria sido conivente com a violência da milícia de fazendeiros e pistoleiros. 

Para a coordenação da seção sindical, a demarcação das terras indígenas pelo Governo Federal é a única possibilidade para minimizar a violência oriunda da disputa pela terra. O conflito que historicamente atravessa gerações, recentemente foi agravado pela aprovação, no Congresso Nacional, do Marco Temporal. Assim, os empresários do agronegócio sentem-se respaldados para intensificarem os crimes contra os povos originários. 

De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), após os crimes cometidos contra a pajé Nega e o cacique Nailton Pataxó, dois fazendeiros teriam sido detidos por homicídio e tentativa de homicídio. Quatro armas de fogo apreendidas com a dupla teriam sido encaminhadas para perícia no Departamento de Polícia Técnica. A SSP-BA afirmou ainda que equipes das Polícias Militar e Civil foram enviadas à região para a mediação do conflito e investigação dos fatos.