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Liderança Nacional do MST participa de plenária, no Campus X, em solidariedade ao Movimento



 Com o tema "Reforma Agrária Popular e a CPI contra o MST" o Campus da UNEB de Teixeira de Freitas recebeu na noite de terça-feira (22), João Pedro Stedile, da Coordenação Nacional do MST – Movimento das/os Trabalhadoras/os Rurais Sem Terra. A plenária foi realizada como símbolo de apoio e solidariedade ao MST, frente à realização de uma diligência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), do Congresso Nacional, contra o Movimento, que acontece nos dias 24 e 25 desta semana. A atividade foi organizada por meio de uma parceira do Colegiado do Curso de Pedagogia do Campus X, da ADUNEB e do Projeto de Extensão de Agricultura Familiar Agroecológica e Economia Solidária. O evento também recebeu o apoio de várias entidades que atuam em colaboração com os movimentos sociais.

A abertura da atividade proporcionou aos participantes uma mística do MST, um ritual simbólico que representa o cotidiano de luta daquelas/es trabalhadoras/es rurais. A mediação da plenária foi da professora Luzeni Carvalho, coordenadora do Curso de Pedagogia do Campus de Teixeira de Freitas. Halysson Fonseca, coordenador da subseção departamental da ADUNEB na localidade, representou a seção sindical. Após breves falas de uma mesa inicial de boas-vindas, João Pedro Stedile fez uma contextualização histórica dos quase 40 anos de luta do MST no Brasil, um movimento social que se configura como um dos maiores da América Latina.
 
Mística inicial realizada por integrantes do MST
 
Segundo Stedile, o MST não nasceu de uma luta específica do campesinato, mas como fruto da força e da solidariedade de toda a classe trabalhadora brasileira. Ele abordou os obstáculos do início, ainda no momento final da ditadura militar, em 1984; comentou sobre a resistência ao período do presidente Collor de Melo, em que houve o avanço do Neoliberalismo; e chegou aos últimos 30 anos, quadra histórica em que ocorre um grande acirramento entre os três modelos de produção agrícola do país, sobretudo nos últimos oito anos.  
 
Para a liderança do MST, a atual disputa no cenário agrícola brasileiro acontece entre os modelos de produção: latifúndio predador, que tem por trás o grande capital (35 mil fazendeiros); o agronegócio (quase 400 mil a partir de cem hectares); e a agricultura familiar (mais de 5 milhões de unidade de produção). Ainda de acordo com Stedile, cerca de 70% das unidades de produção da agricultura familiar estão no Nordeste e possuem índice de maquinização agrícola de apenas 3%. Alguns dos diferenciais desse modelo de produção são: a não exploração de trabalhador; a produção primeiro para sobrevivência, com a comercialização do excedente para abastecer o mercado nacional, o cuidado com a questão ecológica e a produção de alimentos sem agrotóxico. “Quando lutamos pela reforma agrária, estamos lutando pela agricultura familiar, por alimentos saudáveis, pela defesa da natureza”, afirmou João Stedile. 
 
Plenária lotada para prestigiar João Pedro Stedile e prestar solidariedade ao MST
Apoio ao MST
 
A professora Luzeni Carvalho explicou à reportagem que a atividade se constituiu em uma grande plenária de solidariedade ao MST, pois neste momento, a CPI que acontece no Congresso Nacional, criada por parlamentares que representam o agronegócio, tem como objetivo a criminalização dos movimentos sociais, da luta popular e, principalmente, do Movimento das/os Trabalhadoras/es Rurais Sem Terra. “O MST tem uma função social e política muito importante nessa região (Extremo-Sul da Bahia). De certa forma, proporciona dignidade humana a muitas pessoas que historicamente foram excluídas do processo de acesso à terra, à educação, a bens culturais”, afirmou a docente. 
 
O representante da ADUNEB, Halysson Fonseca, também fez críticas à CPI e defendeu o MST. “A CPI não é apenas um ataque ao MST, é um movimento de descredibilização do espaço político democrático brasileiro, envergonha o parlamento e a política nacional. É preciso que nós, profissionais da educação, defendamos os movimentos que sejam a favor de um desenvolvimento nacional, que tenha uma proposta de país. O MST nos apresenta uma proposta por duas vias elementares. A primeira delas é a soberania alimentar. A agricultura familiar é comida na mesa do povo, sem veneno, com emprego e a manutenção do povo no campo. A segunda via é o combate aos ditames do capitalismo financeiro e do Agronegócio”, encerrou.