Encontro em Juazeiro debate o combate às formas e às estruturas do racismo
“Estrutura ou forma escravista: o racismo na comunicação” foi o tema do debate promovido pelo grupo RHECADOS - Hierarquizações Étnico-raciais, Comunicação e Direitos Humanos, coordenado pelas professoras Céres Santos e Márcia Guena, nesta terça-feira (22). Transmitido ao vivo pelo canal do grupo no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=ZKG1kVOMpO4) o encontro contou com as participações dos/a doutores/a em Comunicação Social de Dennis Oliveira, Muniz Sodré e Rosane Borges. A proposta do grupo, formado por pesquisadores da Bahia, São Paulo e do Rio Grande do Sul, foi ampliar as discussões sobre temas que conduziram os estudos deste 1º semestre em um debate teórico de importante envergadura para a luta antirracista. O encontro foi conduzido a partir das leituras dos livros Racismo Estrutural, de Sílvio Almeida; Racismo Estrutural, uma perspectiva histórico-crítica, de Dennis de Oliveira; e O fascismo da cor, uma radiografia do racismo nacional, de Muniz Sodré.
Sodré discorreu sobre sua proposta de considerar o racismo no Brasil enquanto forma escravocrata e Dennis salientou a importância da categoria estrutural do racismo. Rosane, por seu turno, apontou um caminho de convergência dessas duas teses.
Coordenador de Comunicação da ADUNEB e integrante do grupo RECHADOS, o professor João José Borges, participou do encontro e destacou o a importância desse debate para acompanhar os avanços desse tema na direção de uma comunicação antirracista. “Tal debate, eminentemente teórico, contribui para fortalecer os instrumentos de luta antirracista em múltiplos contextos, incluindo o contexto da luta sindical, sobretudo se compreendermos o racismo como indissociável da luta de classes do Brasil, historicamente constituída e estruturada pelos marcadores de raça, assim sintetizados: brancos privilegiados exploram trabalhadores negros”, afirmou o coordenador.
Os debatedores apontaram também a necessidade de luta permanente. Seja ela no combate às estruturas do racismo sob o prisma da dominação racional-legal no qual ele se constitui através das instituições, com políticas públicas afirmativas; seja, na denúncia contra as formas que o racismo se manifesta nas múltiplas interações sociais: no mundo do trabalho, nas relações interpessoais, nas violências cotidianas, e, sobretudo, em suas formas camufladas do discurso público.
Na avaliação do Coordenador de Comunicação da sessão sindical, o movimento sindical docente tem muito a ganhar com debates dessa natureza, trazendo à tona o que, por vezes, se disfarça ocultamente nas batalhas travadas no campo das lutas sindicais. Assim, a ADUNEB considera a importância da continuidade do debate, e sobretudo em suas consequências, na elucidação das questões que permanecem opacas, distorcidas, enviesadas, que ganham por vezes a conotação de uma violência que permaneceria quase naturalizada, não fosse o debate teórico e científico empreendido por grupos de pesquisa como o Rhecados. “Que mais debates aconteçam e tenham visibilidade, a fim de informar a opinião pública acerca de um tema tão crucial para os nossos dias, em que o fascismo insiste em mostrar suas terríveis faces”, encerrou o Coordenador de Comunicação do sindicato.