Indefinição do Governo em negociar faz assembleia da ADUNEB aprovar paralisação docente
A categoria docente da UNEB, reunida em assembleia geral híbrida, nesta quarta-feira (29), aprovou por unanimidade a paralisação das atividades acadêmicas em 12 de abril. A deliberação é que o protesto de 24 horas aconteça em todos os campi da universidade. A proposta de paralisação, encaminhada pelo Fórum das ADs e aprovada na UNEB, também é avaliada pelas outras três universidades estaduais da Bahia – UEFS, UESB e UESC. Segundo análises feitas durante a assembleia, a manifestação acontecerá para denunciar a indefinição do governo estadual em agendar a abertura da mesa de negociação, em que será discutida a pauta de reivindicações da categoria.
Além do dia de protesto, as professoras e os professores da UNEB também aprovaram uma série de encaminhamentos que contribuirão para o aumento da mobilização e da denúncia à sociedade dos problemas que impactam a categoria docente. Entre as ações aprovadas estão a organização de um ato público em Salvador, a intensificação da atual campanha de mídia e a articulação com outras entidades de representações de classe.
Os encaminhamentos da assembleia da ADUNEB serão levados ao Fórum das ADs para a compatibilização com as propostas que virão das discussões das demais seções sindicais. A reunião será na próxima quarta-feira (05), na capital baiana.
Motivos para a paralisação
Cálculos do DIEESE mostram que, nos últimos oito anos, as perdas do salário das(os) docentes, devido à corrosão pela inflação desse período, chegam a 53,33%. Em todos esses anos, professoras e professores tiverem apenas um pequeno reajuste de 4%, em 2022, acrescido de uma “reposição escalonada", que feriu o Estatuto do Magistério Superior. O valor total do reajuste não superou nem a inflação do ano passado. Ademais, nesse período, houve aumentos nos descontos da previdência.
A defasagem salarial é tanta que atualmente, apesar de a Bahia ser um dos estados mais ricos do Nordeste, o governo paga à categoria docente das UEBA um dos três piores salários da região, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte e de Pernambuco. O levantamento foi realizado pelo Fórum das ADs.
O arrocho salarial faz com que uma professora ou um professor das UEBA, em início de carreira, tenha uma remuneração abaixo do piso nacional de docentes da Educação Básica da rede pública de ensino, que tem o valor de R$ 4.420,55. Atualmente, o piso salarial de docentes do Ensino Superior o estado da Bahia está em R$ 3.793,00. A comparação é realizada no mesmo patamar da carreira e com a mesma carga de 40 horas.
Indefinição
Diante de tanta desvalorização profissional e da indefinição por parte do governo, a ADUNEB e as demais representações das seções sindicais reivindicam, de maneira incansável, a abertura da mesa de negociações. Embora representantes no governo Jerônimo tenham recebido a categoria em algumas ocasiões, nos últimos 30 dias, até o momento, nenhum encaminhamento efetivo foi realizado para o início das negociações. A participação da categoria na paralisação será fundamental para aumentar a pressão sobre o governo.