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Amigo da escola, inimigo da Educação



No ano de 1999, no auge das ações de estímulo ao voluntariado, um projeto de voluntariado nas escolas foi lançado pela principal rede de televisão brasileira. Naquele momento, o estranhamento se deu devido ao fato de tal rede de televisão ter solicitado ajuda a um serviço público estatal.

Diversas entidades ligadas à educação reagiram com veemência, debatendo sobre o papel do voluntariado, participação popular e valorização dos profissionais que atuam na educação. Com base nesse debate, o movimento estudantil lançou a campanha “Amigo da escola, inimigo da Educação – Campanha pela Valorização dos Profissionais em Educação”. O movimento sindical, por sua vez, denunciava a estratégia do governo de criar condições favoráveis à implantação de políticas públicas de caráter neoliberal. 

Para a nossa surpresa, a Secretária da Educação, na última terça-feira (07), durante cerimônia de entrega do Colégio Estadual de Tempo Integral Leila Janaína Brito Gonçalves, em Presidente Dutra, proferiu um discurso com a defesa do voluntariado docente.

Algumas questões devem ser pontuadas na referida proposta: a transferência de responsabilidade do Estado para a sociedade; a desvalorização das(os) profissionais da educação, com a concepção de que podem, facilmente, ser substituídos por pessoas não preparadas para a função; a redução dos investimentos estatais; as consequências de uma formação oferecida às crianças e jovens por pessoas não preparadas para tal fim, entre outras questões. 

Assim, em defesa da categoria docente e de seus direitos e por respeito às(os) profissionais da educação, a ADUNEB repudia a proposta de criação de um programa de "professores voluntários"! Ele fere a perspectiva de uma escola pública gratuita e de qualidade.

A participação da comunidade é algo que deve, sim, ser valorizado. Da mesma forma, é positiva a contribuição da sociedade para a educação, por meio de sua participação em atividades extracurriculares e em outras ações que não interfiram no projeto pedagógico da instituição de ensino e que não precarizem as relações de trabalho dos profissionais da área.

Não bastassem os frequentes ataques sofridos pela categoria, que luta, no estado da Bahia, por reajuste salarial, melhorias nas condições de trabalho, concursos públicos e reconhecimento de diversos direitos que têm sido violados, diante de um discurso oficial em defesa do voluntariado docente, professoras(es) terão também que estar ainda mais atentas(os) e resistentes. Discursos como esse não podem se ampliar e ganhar contornos de realidade. 

Entendemos que o respeito à educação se traduz em salário digno, condições de trabalho e direitos garantidos.

Coordenação Executiva ADUNEB