Genocídio Indígena: mais dois jovens Pataxós são mortos no Extremo Sul da Bahia
A ADUNEB vem a público, mais uma vez, manifestar sua solidariedade ao Povo Pataxó, que tem sofrido sucessivos ataques em disputas de terras no Extremo Sul da Bahia. Na tarde desta terça-feira (17), os jovens indígenas Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25 anos, e Nawy Brito de Jesus, de 16 anos, foram assassinados a tiros em um trecho na BR-101, próximo ao povoado de Montinho, na cidade de Itabela. Os dois integravam a ocupação de uma área reivindicada pelo povo Pataxó, que faz parte da T.I. Barra Velha.
Índigenas da região têm sido vítimas de um verdadeiro genocídio, que intenciona a expulsão das comunidades indígenas de suas terras, em benefício de latifundiários e dos interesses do agronegócio e do capital. A luta dessas populações pela demarcação de terras tem sido travada há tempos. Inúmeros são os cercos e ataques realizados por pistoleiros e milicianos, a mando de fazendeiros do Extremos Sul da Bahia. Um dos casos de maior repercussão foi o assassinato do Jovem Gustavo na T.I. Comexatibá, no Prado.
As comunidades reivindicam celeridade no processo de demarcação de terras para que possam viver com, pelo menos, o mínimo de tranquilidade e de direitos garantidos. Após os assassinatos da tarde de ontem, entidades indígenas realizaram pedidos de reforço de segurança para os povos da região, aos ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas e à FUNAI. Em seu perfil nas redes sociais, a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, informou ter agenda com as lideranças indígenas do Extremos Sul nesta manhã, para acompanhar o que está ocorrendo e requisitar a imediata ação do Estado.
A ADUNEB tem atuado de forma articulada com as lideranças indígenas, visando à proteção de seus direitos e de suas comunidades. Em outubro de 2022, realizou, em parceria com o CEPITI, a I Caravana Intercultural Indígena, que articulou a presença de representantes de cerca de 24 instituições na região do Extremo Sul, para conhecer e refletir sobre as estratégias de apoio à luta pela demarcação de terras e de defesa da vida dos integrantes dessas comunidades. Em novembro, a seção sindical também participou de uma reunião para traçar estratégias de proteção das comunidades Pataxó do Extremo Sul da Bahia, que contou com a presença de diversas entidades, incluindo a Defensoria Pública do Estado da Bahia, Ministério Público da União, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Conselho Nacional de Direitos Humanos, Associação Nacional de Ação Indigenista, entre outros.
A seção sindical reforça o pedido de proteção a essas comunidades e de uma ação eficaz nesse sentido por parte das instituições públicas responsáveis. Ao mesmo tempo, solicita empenho e celeridade na investigação desse crime bárbaro, para que seus mandantes e autores sejam devidamente responsabilizados. A ADUNEB se solidariza com os familiares de Samuel e Nawy e aponta, mais uma vez, para a necessidade de demarcação de terras na região, na esperança de que isso colabore para preservar as vidas dos povos originários, ou seja, daqueles que historicamente preservam a terra onde vivemos!
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