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Os assassinatos de Bruno e Dom e a política nefasta do Governo Federal



Os assassinatos do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, correspondente do The Guardian, cometidos brutalmente no Vale do Javari, na Amazônia, se configuram como mais uma consequência da política nefasta do Presidente Bolsonaro. O Brasil, novamente, repercute negativamente na imprensa internacional por temas que demonstram a violência e a política cruel com as quais esse país é conduzido desde 2019. 

Bruno e Dom desapareceram no dia 5 de junho, na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas, enquanto realizavam seu trabalho. Dom visitava o local para fazer entrevistas com indígenas, acompanhado por Bruno. Na última quarta-feira (15), Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, confessou ser responsável pelos assassinatos do indigenista e do jornalista.

Como tem sido recorrente ao longo dessa gestão, o Governo Federal demonstrou mais uma vez o descaso e o desinteresse com a investigação do crime. Demorou a atuar de forma concreta na elucidação do desaparecimento e dos assassinatos e só o fez após receber muita pressão em âmbitos nacional e internacional. Inclusive, viabilizou o uso de helicópteros, embarcações e equipes de buscas somente mediante determinação judicial, em 8 de junho.

De acordo com nota emitida pela Policia Federal nesta sexta-feira, as investigações prosseguem e há indícios da participação de mais pessoas no assassinato. Embora a PF afirme que "as investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito", a UNIVAJA, associação que reúne indígenas da região – Marubos, Matis, Matsés, knamari, Korubo, Tsohom-dyapa e indígenas isolados –, enfatiza que este é, sim, um crime político. "A Univaja compreende que o assassinato de Pereira e Phillips constitui um crime político, pois ambos eram defensores dos direitos humanos e morreram desempenhando atividades em benefício de nós, povos indígenas do Vale do Javari, pelo nosso direito ao bem-estar, pelo nosso direito ao território e aos recursos naturais que são nosso alimento e garantia de vida, não apenas da nossa vida, mas também da vida dos nossos parentes isolados", comunicou a entidade. 

O país vive um momento de desumanidade, em que aqueles que deveriam garantir os direitos de todas as cidadãs e todos os cidadãos governam incentivando a violência, o uso de armas, a desterritorialização e exploração das áreas indígenas e a expulsão dos povos originários de suas terras, em benefício de uma política ultraneoliberal e do favorecimento de interesses de ruralistas, de grandes empresários e de detentores de fortunas. Nesse contexto, não sem razão, a UNIVAJA afirmou que seus integrantes temem ser assassinados por continuarem atuando na defesa da região e da população local.

A ADUNEB, entidade representativa de trabalhadoras e trabalhadores da educação, é solidária às famílias de Bruno Araújo e Dom Phillips, que foram assassinados no seu fazer profissional. Ao lado de defensores do meio ambiente, dos povos originários, dos direitos e da vida, a seção sindical está e estará sempre junto aos que lutam e resistem em causas coletivas que são de importância inestimável a toda a população brasileira. A ADUNEB reconhece a importância de as investigações seguirem em frente e revelarem as verdadeiras motivações desse crime bárbaro. Que seja feita justiça. Mas, principalmente, que essa justiça seja feita com isonomia!