Coordenadoras da ADUNEB sofrem ataque machista e misógino
As mulheres que compõem a ADUNEB, em especial a coordenadora geral da seção sindical, Ronalda Barreto, sofreram um ataque virtual machista e misógino. O episódio ocorreu durante uma reunião, nesta terça-feira (17), que tinha como pauta a busca por caminhos que viabilizem o pagamento de passagens intermunicipais à categoria docente da universidade. Além desse ponto, estavam também em discussão questões relativas às solicitações de promoção e progressão de carreira e de mudança de regime de trabalho.
Durante a reunião, um professor aposentado que atuava no Campus de Jacobina e não é mais filiado à ADUNEB, utilizando-se do mesmo expediente adotado pelos grupos bolsonaristas e radicais de extrema-direita, ingressou na atividade com o único propósito de agredir as mulheres que compõem as últimas duas gestões da seção sindical. Durante vários minutos, diante de dezenas de docentes como testemunhas, o agressor empregou calúnias, gritos, desrespeito e falta de educação no tom e no conteúdo das falas.
Questionam-se as razões pelas quais um professor que se encontra aposentado, desfiliado da ADUNEB, interrompe uma reunião, que ocorria de maneira pacífica e colaborativa, para promover tanto ódio e insultos? Tal atitude revela-se como a manifestação do machismo estrutural e da misoginia em sua forma mais pura e rude. O comportamento desse agressor evidencia que, na academia, assim como ocorre fora dos muros da universidade, em pleno ano de 2022, mulheres em espaço de poder, sobretudo as pretas, ainda incomodam a quem deseja a permanência dos atuais privilégios do patriarcado e do status quo.
A violência desferida à Coordenadora da ADUNEB e às outras mulheres que, nas duas últimas gestões, compõem a Diretoria da seção sindical trata-se de um episódio que se origina da inconformidade em relação ao fato de essas mulheres estarem em um espaço historicamente masculino, o sindical. Através da agressão verbal e psicológica, o professor buscou humilhar, desconstruir moralmente esse grupo de mulheres. Mesmo não utilizando a força física, a violência simbólica realizada é também cruel. Ainda que mais sutil, não é menos devastadora.
Considerando-se que o professor agressor se declara progressista, tal ocorrência tornou ainda mais transparente que existe um abismo entre a disposição de, simplesmente, proferir palavras de ordem de cunho progressista em ambientes de grande visibilidade e a disposição de, realmente, atuar contra as opressões em todas as suas nuances. Além disso, fica patente nessa agressão que é urgente uma análise dos reais interesses que se escondem por trás de discursos (e de alguns silenciamentos) que se dizem ser simplesmente de oposição a posicionamentos políticos.
A Coordenação da ADUNEB rechaça veementemente a política de ódio que, em tempos de tantos retrocessos sociais e políticos, se alastra na sociedade. A direção da seção sindical apela para que as diferenças e as divergências políticas, que são normais e saudáveis em disputas democráticas, não justifiquem oposições que se utilizem de estratégias raivosas, preconceituosas e de desqualificação. Além do mais, deve-se lembrar de que a conjuntura impõe como tarefa a união de todos os segmentos sociais de bandeiras progressistas e democráticas. Somente a união nas pautas que nos unificam permitirá a garantia dos direitos trabalhistas da classe trabalhadora e a defesa da democracia.
Após o lamentável episódio misógino, várias falas de professoras e professores na reunião foram solidárias à coordenadora geral da ADUNEB e às demais professoras. Ao acometer de maneira machista as lideranças femininas da seção sindical, o agressor atacou também todas as mulheres, sejam elas professoras ou não, mães, filhas, jovens ou idosas, pois sua atitude reforça o patriarcado que, há séculos, oprime e subjuga o feminino.
A assessoria jurídica da ADUNEB analisa a questão e tomará todas as medidas cabíveis.
Pelo fim da política de ódio e da misoginia. Machistas não passarão!
“Paz entre nós, guerra aos senhores!"