Luta pela retomada da mesa de negociação e reajuste salarial marcaram o ato público das UEBA
Professores (as) da Uneb, Uefs, Uesb e Uesc paralisaram as atividades acadêmicas na última quarta-feira (27) com um ato público na Praça da Piedade, em Salvador. Aprovado em assembleias, o ato público com paralisação é parte do calendário de lutas da campanha salarial da categoria que está há mais de 800 dias sem ser recebida pelo Governo do Estado. A atividade reuniu cerca de 300 docentes, estudantes de várias cidades do interior baiano e representantes de movimentos sociais que apoiam as reivindicações dos (as) docentes das universidades.
Um dos objetivos do ato foi de divulgar e dialogar com a sociedade baiana sobre a realidade dos (as) docentes que, atualmente, sofrem com os salários desvalorizados. Com faixas, cartazes, panfletos, falas e intervenções artísticas os (as) docentes denunciaram a realidade dos professores e da comunidade acadêmica das universidades estaduais baianas.
Performance artística sobre o precesso de sucateamento das UEBA
Motivos para a luta
A categoria têm reclamado sobre os impactos do arrocho salarial, especialmente com o crescimento vertiginoso da inflação, alimentos e combustíveis. Em janeiro, o Estado da Bahia autorizou um reajuste de 4% aos servidores públicos, além de um aumento conforme a carga horária de trabalho. Mesmo somados, os ganhos variam entre 7% e 9%, percentual muito abaixo das perdas salariais acumuladas no período, mais de 50%. Além de insuficiente e abaixo da inflação de 2021, o reajuste por carga horária também fere a estrutura da carreira, conforme o Estatuto do Magistério Superior (lei 8.352/02). Dessa forma, os (as) professores (as) lutam por um reajuste salarial que recomponha as perdas e a inflação.
Professora denuncia, com irreverência, o arrocho salarial e a carestia da vida
Outro ponto de reivindicação central da manifestação foi a luta por diálogo com o Governo do Estado. A professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e coordenadora do Fórum das Associações Docentes (ADs), Ronalda Barreto, destacou na imprensa as várias vezes que o movimento docente tentou contato com o Governo do Estado e não teve avanços. "Terminamos a greve de 2019 assinando um acordo com o governo, em que afirma o estabelecimento de uma mesa de negociação. Só que o governo quebrou esse acordo e interrompeu a mesa de negociação, mesmo antes da pandemia", explicou Ronalda.
Coordenadora do Fórum das ADs e da ADUNEB, Ronalda Barreto, em entrevista à imprensa baiana
A defesa das Associações Docentes é que valorizar professores (as) e universidades não é gasto, é investimento. As universidades estaduais são um patrimônio do povo baiano e no enfrentamento à pandemia provam, mais uma vez, a importância do trabalho docente das estaduais no que tange à sua produção científica regionalizada. Com pesquisa e extensão, professores (as) da Uneb, Uefs, Uesb e Uesc colaboram com o poder público, produzindo EPIs, monitoramentos, ofereceram atendimento às pessoas infectadas, formação e outros insumos estratégicos voltados para sociedade civil e profissionais da saúde.
Os quase 280 cursos de graduação, 180 cursos de pós-graduação e 50 mil estudantes que são abarcados pelas universidades estaduais baianas também tiveram as atividades acadêmicas paralisadas por um dia. Apesar da força da luta e repercussão na imprensa, até agora o Governo do Estado ainda não retornou para o Fórum das ADs sinalizando diálogo. “Estamos na expectativa, atentos e em luta. O diálogo é uma pauta dos professores (as) e da própria democracia. O que a gente espera do governo Rui Costa é diálogo e respeito à categoria e aos nossos direitos”, demarcou Ronalda Barreto.
Texto e Fotos: Ascom Fórum das ADs, com edição ADUNEB