Luta pela retomada do espaço do CEPAIA no Centro Histórico de Salvador
Na manhã desta segunda-feira (28/03), o Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (CEPAIA) realizou uma reunião para discutir com a comunidade acadêmica, movimentos sociais e sindicais e representantes da sociedade civil, estratégias de luta para a sua permanência na sede atual, localizada no bairro de Santo Antônio Além do Carmo. Representantes da ADUNEB, do Centro Cultural Quê Ladeira É Essa, do Lab Koringoma, da Revista Aglomeradores - Direito à Cidade, entre outros, marcaram presença no encontro.
O prédio onde funciona o CEPAIA pertence ao Estado e é gerido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Segundo o Prof. Marcelo Pinto, Pró-Reitor de Ações Afirmativas da UNEB, o IPAC notificou o Centro no ano de 2019, solicitando a retomada do prédio sob a alegação de que o espaço era subutilizado.
Na mesma época, a pedido do Centro de Estudos, houve uma primeira conversa na qual foram apresentados relatório das atividades realizadas pelo CEPAIA e solicitação para que o Centro continuasse funcionando no local. Desde então, não houve retorno ou desdobramentos da questão. De acordo com Marcelo Pinto, não houve qualquer contato do IPAC entre os anos de 2020 e 2021 sobre uma possível negociação. “Depois da volta à presencialidade, recebemos nova notificação e eles colocaram que já tinha havido tentativa de diálogo com o CEPAIA, o que não ocorreu para além da primeira reunião”, complementa o professor.
Para José Augusto Laranjeiras Sampaio, Coordenador de Formação Político-Sindical e Relações Intersindicais da ADUNEB e representante da seção sindical no encontro, o alto valor de mercado desses imóveis é uma grande questão a ser considerada na luta pela permanência do CEPAIA em sua atual sede. "Essa justificativa colocada pelo IPAC de uma suposta subutilização do espaço pode ser apenas cortina de fumaça. O alto valor de mercado deste imóvel pode estar por trás dessa tentativa de retirar o CEPAIA deste local, para atender a interesses de uma política de Estado de privatização de espaços públicos de alto valor comercial."
A ADUNEB se solidariza e se une ao Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos na luta por sua permanência no atual prédio. Sendo o Centro Histórico um espaço simbólico da luta dos povos tradicionais, é inaceitável que, em mais um processo de gentrificação e privatização impetrado pelo Governo do Estado, um Centro de Estudos dessa importância seja retirado deste local. A falta de diálogo e a imposição de uma política de governo que visa interesses comerciais e financeiros em detrimento das necessidades da população são aspectos que requerem a união de toda a força política e social no sentido de que outros retrocessos não sejam implementados.
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