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ADUNEB reivindica intensificação no combate ao feminicídio e à violência contra as mulheres



 Acompanhando a linha crescente do número de casos de feminicídio no Brasil em 2020 e 2021, a Bahia iniciou o ano de 2022 com denúncias de diversos casos de feminicídio e outras violências contra as mulheres, que têm acontecido em todas as regiões do estado. Indignada, a Coordenação da ADUNEB vem a público fazer o alerta, repudiar os crimes – consequentes do patriarcado, do machismo estrutural e da misoginia – e reivindicar das autoridades públicas maior prevenção e combate a todo tipo de violência contra as mulheres.

Na cidade de Cruz das Almas, recôncavo baiano, nesta quarta-feira (09), uma mulher foi esfaqueada no pescoço. Segundo a PM, a tentativa de feminicídio tem como suspeito o ex-marido, que, antes de ser detido, foi espancado pela população. No sábado (05), em Santo Estevão, uma grávida de nove meses e seu feto não resistiram a um tiro de arma de fogo. O irmão da vítima acusou o marido dela de crime doloso, pois em ocasião passada a mulher já teria apresentado olho roxo e hematomas pelo corpo. Após depoimentos e a análise inicial de provas, nesta sexta-feira (11), a Polícia Civil cumprio o mandado de prisão temporária contra o acusado, que afirma ter sido um disparo acidental.

Em Salvador, em 28 de janeiro, mais uma mulher foi assassinada a facadas. O crime ocorreu no bairro de São Cristóvão e o seu namorado, autor do crime, se matou após deixar uma carta à família. Dez dias antes, em 18 de janeiro, em Lauro de Freitas, outra uma mulher foi morta a facadas dentro de casa. As informações preliminares divulgadas na imprensa sugerem como principal suspeito o ex-companheiro. Menos de 24h antes, no município de Ipirá, o silêncio da madrugada foi interrompido pelos tiros que ceifaram a vida de mais uma vítima. Seu ex-marido foi preso em flagrante e confessou o crime.

As mulheres sofrem violência até de quem deveria, em tese, estar qualificado para protegê-las. Na última segunda-feira (07), em Riachão do Jacuípe, para separar uma briga, dois policiais militares agrediram de maneira covarde uma mulher. O vídeo de denúncia divulgado nas redes sociais mostra que, após ela ser atingida na cabeça por um cassetete, sofreu um golpe mata-leão, foi jogada ao chão e, sem nenhuma resistência, imobilizada por um dos policiais, que colocou os joelhos em suas costas. Em outro vídeo, é possível ver os policias arrastando a mulher desacordada pelo chão. A Polícia Militar informou que investiga a conduta dos dois soldados.

Dados do Ministério Público da Bahia, divulgados em 09 de dezembro do ano passado, mostram que aquela entidade denunciou cerca de 10 mil casos à Justiça em 2021. “As denúncias envolvem mulheres vítimas de violência doméstica, feminicídio e outros tipos penais. Todas elas vítimas. Os casos revelam que muitas delas perderam a vida para o ódio, o desprezo, o ciúme ou para o sentimento de perda de controle e de propriedade nutrido por homens”, afirma a nota do MP-BA.

Quanto aos dados exclusivamente relacionados ao feminicídio, os números também assustam. Embora tenha ocorrido uma redução de 20% de casos, entre 2021 (89 ocorrências) e 2020 (113 ocorrências), nota-se a existência de um crime a cada 4,1 dias. Um absurdo que precisa ter o seu combate intensificado.

Para a coordenadora da pasta de Gênero, Etnia e Diversidade da ADUNEB, Irenilza Oliveira, a redução do número de casos não parece indicar uma mudança do pensamento patriarcal que ainda impera em nossa sociedade. Antes, considerando-se que o agressor é, quase sempre, pessoa muito próxima à vítima, tal redução parece se relacionar com a flexibilização do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, uma vez que essa redução de 20% entre os anos de 2020 e 2021 é inversamente proporcional do aumento de 22% dos casos de feminicídios entre os anos de 2019 e 2020. Assim, o nosso grande desafio é conduzir a nossa sociedade a uma mudança de paradigma em direção de valores civilizatórios em que as mulheres são respeitadas na sua integridade e deixem de ser alvo de todos os tipos de violência.

Assim, a ADUNEB reitera a sua reivindicação às autoridades públicas de que sejam intensificadas ações efetivas para o combate ao feminicídio e a todas as formas de violência contra as mulheres.