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A UNEB que temos e a UNEB que queremos discute projeto de universidade em mesa-redonda



 O simpósio “A UNEB que temos e a UNEB que queremos: perspectivas de futuro em tempos pandêmicos” realizou, na segunda-feira (19/07), a mesa-redonda "A universidade na defesa da vida, da ciência e contra o desmonte dos serviços públicos". Participaram do encontro o Reitor da UNEB, Prof. José Bites de Carvalho, o professor da Universidade Federal de Goiás, João Ferreira de Oliveira, e a Coordenadora Geral da ADUNEB, Profa. Ronalda Barreto.

Abrindo as falas da noite, o Prof. João Ferreira de Oliveira trouxe aspectos históricos e conceituais sobre a universidade e destacou o arco temporal de reformas que, ao longo dos anos, fortaleceram a mercantilização da educação superior e o desmonte do serviço público de ensino. Segundo sua análise, essas reformas ganharam fôlego a partir do Governo Temer, com cortes orçamentários e perda da autonomia universitária, e se agravaram no Governo Bolsonaro, por meio de PECs – como a da Reforma da Previdência – que afetam diretamente o mundo do trabalho, com a flexibilização e precarização do trabalho assalariado, e resultam na perda da perspectiva de aposentadoria e na chegada à marca de 14% a 15% de brasileiros desempregados durante a pandemia.

Para o Prof. José Bites, Reitor da UNEB, “a universidade precisa se colocar como objeto de reflexão para pensar a nossa função e princípios que nos permitirão responder a essa série de desafios”. De acordo com o Reitor, a pandemia potencializou esses desafios, fragilizando ainda mais as universidades e sua autonomia. Retirada de direitos, desmonte da universidade pública com a Emenda do Teto de Gastos até 2036 e o aprofundamento dos cortes orçamentários para manutenção de programas sustentados por recursos da esfera federal estão entre os problemas enfrentados pela universidade no contexto atual. “Somos uma universidade estadual e nosso recurso provém do Tesouro do Estado, mas nossa ação ultrapassa os limites estaduais. Não recebemos diretamente recursos do MEC, mas recebemos recursos de programas federais como CAPES e CNPq”. Entende que, no âmbito das universidades estaduais, é preciso avançar e pensar um pós-pandemia articulado com novas realidades. 

Ronalda Barreto, de forma objetiva, trouxe a reflexão de que, no atual contexto brasileiro, que se apresenta com o fortalecimento de políticas neoliberais, a reprimarização da economia, a rearticulação do imperalismo na América Latina, a ascensão do fascismo, o negacionismo, o terraplanismo e o genocídio do povo brasileiro, as universidades necessitam se articular para sobreviver e desempenhar seu papel. Destacou que esse cenário impõe aos trabalhadores e trabalhadoras a luta de resistência ao desmonte do Estado enquanto espaço de garantias políticas, econômicas e sociais conquistadas ao longo da história. A Reforma Administrativa, que pretende retirar renda e direitos daqueles que têm menos poder aquisitivo, e outras políticas ultraneoliberais do Governo Federal – reproduzidas pelo Governo do Estado da Bahia – têm, na visão da Coordenadora Geral da ADUNEB, predominado na gestão pública. No que se refere ao caráter público da universidade, Ronalda Barreto avalia que temos uma sociedade na qual a esfera pública nunca chega a constituir-se como pública, pois é definida sempre e imediatamente pelas exigências dos interesses privados. E nesse contexto, segundo ressalta, se tem percebido uma universidade “prestadora de serviços”, com sua autonomia desrespeitada. Nessa perspectiva, a professora propõe a avaliação do caráter público, popular e inclusivo da UNEB como base para se pensarem políticas que articulem tanto as iniciativas dos seus pesquisadores e pesquisadoras quanto a relação estabelecida com a sociedade, através da extensão universitária – que fundamenta sua ação na reflexão de que todos produzem conhecimento. Na análise da Coordenadora, tal medida evitaria a competitividade entre pares, imposta pela avaliação externa por políticas governamentais.

Assista a reunião na integra AQUI.