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Nota de repúdio contra o despejo de famílias e a destruição de escolinha no Distrito Federal



 Invés de educação, conhecimento, proteção do Estado e moradia, 38 famílias, com 20 crianças, de Brasília, receberam violência policial com bombas de gás lacrimogênio, cassetetes e prisões. É o direito à cidadania negado a quem é pobre, pretx e periféricx no momento mais grave da pandemia de Covid-19 no Brasil. Na quarta-feira (07), a PM do Distrito Federal, a mando do governador Ibaneis Rocha (MDB), destruiu a Escolinha do Cerrado, próximo ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). No mesmo local, na segunda-feira (05), por meio de muita truculência, tratores, tropas de choque e bombas de gás, a mesma PM despejou as famílias que sobreviviam em uma ocupação no local, ignorando os seus direitos de cidadania.

As imagens são extremamente impactantes e constitui um retrato do Brasil atual, de como o poder público trata a população. Além de serem pobres, a região da ocupação é alvo de especulação imobiliária, pois fica próxima a uma região nobre da Capital Federal. Os grupos econômicos privados têm os seus interesses garantidos pelo Estado à revelia das necessidades e até da vida da população, como bem exemplifica o genocídio em curso por ocasião da pandemia. Situação semelhante acontece no bairro do Tororó, em Salvador, em que a Prefeitura tenta desapropriar 700 famílias para construir um shopping center sob alegação de que se trata de interesse público.
 
Nesse sentido, é bastante significativa a derrubada da Escolinha do Cerrado, construída pelos próprios moradores, que atendia às crianças locais que foram excluídas do processo de aprendizagem por não possuírem acesso à internet para as aulas remotas. O ensino era realizado por professorxs voluntárixs, dado o descaso do poder público. As famílias residiam na localidade desde a década de 70 e tinham a coleta de materiais recicláveis como meio de sobrevivência. 
 
Na ação de destruição da escola, a PM ainda deteve quatro militantes de entidades de esquerda que estavam no local tentando impedir o braço armado do Estado. Elxs foram liberadxs horas depois devido à intervenção de advogadxs e parlamentares. Além de violenta e desumana, a tirania da PM foi ilegal, pois foi contra a decisão da 8ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, que em 25 de março, ordenou que o DF não poderia executar, durante a pandemia, atos de despejo, desocupação e demolição do CCBB.
 
A coordenação da ADUNEB manifesta solidariedade às famílias despejadas, aos militantes detidos e repudia veementemente a violência da PM do DF, endossada pelo governador Ibaneis Rocha. Em uma conjuntura de tantos retrocessos políticos e sociais, de expansão do fascismo e do genocídio, urge a construção de uma grande frente de esquerda nacional. São inúmeras as pautas de nos unificam: direito à moradia, à educação pública e gratuita, à testagem em massa da população, à vacinação rápida de todxs pelo SUS, à preservação da democracia, entre outras. Somente com a unidade na luta conseguiremos salvar vidas e retirar do poder os representantes políticos da atual onda conservadora.
 
Coordenação ADUNEB