Live da ADUNEB aborda violência de gênero, feminicídio e Direitos Humanos
O Vozes de Mulheres em (Re)Existência realizou, na noite de quinta-feira (25), a sua segunda roda de conversa. As convidadas – Profa. Nilzete Cruz Silva (DEDC - Conceição do Coité / Clínica Integrada de Psicologia e Psicanálise), a Covereadora pelo PSOL Laina Crisóstomo (ONG TamosJuntas) e a Ativista LGBTQIA+ Paulett Furacão (Assessora Parlamentar da Dep. Olívia Santana - PCdoB / Associação LGBT Laleska D’Capri) – abordaram os temas violência de gênero, feminicídio e Direitos Humanos. A mediação foi da Profa. Isabelle Sanches (DEDC Serrinha / ICEAFRO: Educação para Igualdade Racial e de Gênero).
A abertura da noite foi com a exibição do documentário de curta metragem Mulheres que Representam (2013), dirigido por Ana Frank e Felipe Ferreira Neves. O filme reúne relatos de diversas mulheres que sofreram com a violência de gênero para abordar a importância da Lei Maria da Penha. Além de esclarecer e divulgar a Lei, o filme ressalta como as mulheres podem fazer valer seus direitos através dessa legislação e quais caminhos seguir para além do Boletim de Ocorrência. Ou seja, a necessidade da Representação para que a denúncia se transforme em inquérito.
Violência psicológica doméstica foi o recorte selecionado pela Profa. Nilzete Cruz Silva para a conversa da noite. A professora levou ao público considerações importantes sobre as dificuldades de se identificar e provar esse tipo de violência juridicamente, o que acaba deixando as mulheres ainda mais vulneráveis. A partir de uma análise de como a sociedade concebe e molda as mulheres desde a infância, defendeu a necessidade de que sejam trabalhados ainda nos currículos escolares da Educação Básica, temas como violência de gênero, diversidade, preconceito e racismo.
Laina Crisóstomo ampliou o debate para outros espaços, como a violência de gênero no espaço político. “No Brasil temos duas legislações, Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, mas elas não abrangem todas as instâncias da violência contra a mulher”, comenta. Destacou a necessidade de se ampliarem essas legislações para se enfrentar a violência de gênero para além do espaço doméstico. Laina abordou ainda o trabalho realizado pela ONG TamosJuntas, que atende juridicamente mulheres vítimas de violências, e ressaltou o quanto iniciativas coletivas como essa fazem a diferença no enfrentamento dessa conjuntura.
A Assessora Parlamentar (ALBA) Paulett Furacão seguiu a linha de análise sobre a falta de reconhecimento da violência de gênero sofrida pelas mulheres travestis e transexuais. “Nós passamos um sufocamento 24 horas por dia. Viemos sofrendo a violência de gênero antes mesmo de sabermos quem éramos, porque a sociedade já nos violenta antes de aflorarmos”, enfatizou. Paulett destacou a ausência de estatísticas do feminicídio de mulheres travestis e transexuais, uma vez que as leis existentes hoje não as incluem de fato. O isolamento afetivo e a violência simbólica também tiveram lugar em sua fala, que segundo ela, é um grito contra a deslegitimação das mulheres. Defendeu as cotas nas universidades e a inserção da comunidade trans e travesti no mercado de trabalho como formas de enfrentamento de uma violência sem fim. “Eu sou uma mulher preta, transexual e tenho o direito à afetividade e, principalmente, à vida”, encerrou.
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