A ADUNEB convida todas/os para o lançamento on-line do Observatório da Questão Agrária na Bahia, na próxima quinta-feira (30), às 15h. Na ocasião, o sindicato também apoiará o lançamento do caderno de Conflitos no Campo no Brasil 2019, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos canais de transmissão: https://www.facebook.com/CPTNacional e https://www.youtube.com/user/cptbahia . A atividade será mediada por Gilmar Santos, da CPT-BA, e Guiomar Germani, do GeografAR. Os expositores serão o coordenador da CPT Nacional Ruben Siqueira e a coordenadora da CPT-BA Roseilda Conceição. A análise dos dados será feita por Márcia Virginia Pinto Bomfim, membro da Coordenação Executiva da ADUNEB e integrante do Observatório da Questão Agrária na Bahia (OQuABA).
A construção e a organização do OQuABA são o resultado do engajamento da ADUNEB (Grupo de Trabalho – Política Agrária, Urbana e Ambiental - GTPAUA) com entidades e movimentos sociais que lutam em defesa da terra, grupos de pesquisa sobre questões agrárias e Organizações Não Governamentais (ONGs) das/os trabalhador/as do campo. O Observatório é um espaço de articulação de professores/as, grupos de pesquisa, movimentos sociais e ONGs de trabalhadoras/es do campo para analisar o desdobramento e a territorialização das ações do capitalismo no campo baiano.
O capitalismo, nessa fase da atual era da sociedade dita “5.0”, já está presente nas áreas rurais com a justificativa de desenvolvimento da produção nos espaços fundiários, mas o que se vê é o crescimento da violência no campo e cada vez mais se acentua a desigualdade de renda. Sabe-se que mais da metade dos brasileiros em situação de extrema pobreza está no Nordeste. Desses, 52,5% vivem em áreas rurais da região. Olhando para a faixa etária, quatro em cada 10 pessoas extremamente pobres têm entre zero e 14 anos (IBGE, 2010). Dos nove estados nordestinos, metade tem mais de 85% de sua área caracterizada como semiárida.
No Brasil e na Bahia, o relatório da CPT evidencia que a realidade do campo, em 2019, apresentou números crescentes de conflitos pela terra (ocupações/retomadas e acampamentos), pela permanência e resistência dos povos do campo em seus territórios. Em uma marca histórica, a ocorrência de conflitos saltou de 1.124 (2018) para 1.254 (2019). Também registrou-se um aumento no número de assassinatos nos conflitos, desde 2015, quando houve 47 mortes.
Em 2019, pairam os conflitos por água no Brasil, envolvendo 279.172 pessoas e 69.793 famílias, um crescimento da ordem de 77% em relação a 2018. Do total de 489 conflitos, em 2019, que envolvem a água, 101 foram na Bahia. Desses, 75 foram de usos e conservação, 23 de apropriação particular da água e três de barragens e açudes.
Além disso, outras questões ambientais merecem registro. No crime ambiental cometido pela mineradora Vale em Brumadinho (MG), 272 vidas foram ceifadas. O derramamento de óleo no litoral nordestino e parte do Sudeste, em 2019, estendeu-se por uma área de 2,2 mil quilômetros, atingindo 286 localidades em 98 municípios. O volume de material equivale a mais de 2 mil toneladas jogados no litoral de nove estados brasileiros (os dados são da WWF-Brasil).
As questões citadas acima, entre outras, permeiam as desigualdades sociais no nordeste brasileiro. Na tentativa de minimizar os problemas, também são temas discutidos pelo Grupo de Trabalho Agrária, Urbana e Ambiental da ADUNEB, em articulação com os movimentos sociais.