Atividades Remotas: exploração do trabalho e inclusão social
A coordenação executiva e as representações das subseções departamentais da ADUNEB realizaram reunião virtual nesta segunda-feira (13). Em pauta estava a discussão sobre as mediações tecnológicas no ensino da UNEB para este período de isolamento social.
A reunião foi motivada pela divulgação de um questionário, a ser respondido por docentes e estudantes, sobre o uso de ferramentas de mediação tecnológica para a realização de atividades acadêmicas durante a pandemia da COVID-19.
Após ampla discussão, a partir do resultado das reuniões de vários colegiados, o posicionamento da coordenação executiva e das representações das subseções departamentais da ADUNEB é contrário ao início das aulas, por sistema remoto, no semestre letivo 2020.1.
Para além da maneira inábil e precipitada com que a administração central publicou o formulário, compreendemos que tal assunto, devido à sua dimensão e importância, necessita de ampla discussão na comunidade acadêmica. No entanto, ressaltamos que, embora o debate seja extremamente importante do ponto de vista político e pedagógico, a discussão e a canalização de energias do conjunto da UNEB para salvar vidas precede qualquer ação.
Outra discussão que se faz urgente e necessária é que decisões dessa monta sejam tomadas de forma democrática, a partir da posição dos três segmentos da comunidade universitária que subsidie o debate dos órgãos máximos de deliberação (CONSU e CONSEPE).
É importante ressaltar, também, que não houve posicionamento contrário ao uso das tecnologias, porém, que se tenha o devido cuidado para que iniciativas desse tipo não sejam acompanhadas de precarização e superexploração do trabalho docente, do aumento do produtivismo, da exclusão de discentes e da consequente redução da qualidade do ensino.
A grande preocupação se dá em torno de objetivos que, de forma implícita ao uso das tecnologias da informação e da comunicação, buscam impulsionar a implementação das políticas ultraneoliberais que não dialogam com o modelo de universidade pública, gratuita e inclusiva e com a devida valorização do corpo docente.
O debate não pode ser açodado e nem reduzido a questões formais. Deve, com muito zelo, contemplar as especificidades da UNEB e o caráter excludente que teria a adoção de atividades virtuais nesse momento. Presente em 24 municípios, a UNEB busca abrir suas portas a todas/os na perspectiva da inclusão. Assim, em suas salas de aulas há populações indígenas, ribeirinhas, ciganos, quilombolas, pescadoras e marisqueiras, com necessidades especiais, entre outras. Muitos desses estudantes retornaram às suas localidades de origem e não possuem condições materiais e tecnológicas para acompanharem atividades nesses formatos.
A questão aqui posta nos reporta à construção, ao planejamento e aos processos decisórios acerca do uso das TIC’s na educação oferecida pela UNEB, incluindo o Ensino à Distância. Nesse sentido, ressaltamos a necessidade de que as/os docentes tenham a oportunidade de apropriar-se das ações que compreendem as várias maneiras de uso das TIC’s. Entendemos, portanto, que é imprescindível que a gestão abra um canal de diálogo sobre essa questão.
Outro ponto a ser analisado, com rigor, diz respeito à qualidade do ensino, via intermediação tecnológica, para todos os discentes. Alguns aspectos são fundamentais:
1. O significado dessas ações em um contexto de ataque às universidades públicas que ferem a sua natureza; 2. Que seja feito planejamento amplo das atividades; 3. Que sejam definidos procedimentos padrões; 4. Que sejam garantidas as condições materiais e tecnológicas de trabalho e formação para as e as/os docentes 5. Que sejam garantidas as condições materiais e tecnológicas para as/os discentes.
Diante do exposto, a coordenação da ADUNEB e suas representações nos campi entendem que as/os diretores e as representações que integram o CONSU, na reunião futura que deliberará sobre o tema, devem considerar os encaminhamentos propostos pelas/os docentes nas reuniões que estão sendo realizadas pelos colegiados e departamentos, a fim de evitar a contribuição na reafirmação de políticas que minimizam o papel na universidade na sociedade e desvalorizam o serviço e o servidor/a público/a.
Coordenação ADUNEB