Expulsão de comunidades quilombolas em tempos de pandemia
A Resolução do Governo Federal de Nº 11, de 26 de março de 2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU), da sexta-feira (27), informa que o Brasil, a despeito da grave pandemia do coronavírus, removerá as comunidades quilombolas de Alcântara, no Maranhão. O local, diga-se de passagem, é totalmente desassistido pelo mesmo Governo que, de forma arbitrária e autoritária, tenta removê-las de suas Terras.
A área em questão será utilizada para expandir o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), um convênio que Jair Bolsonaro teria firmado com os Estados Unidos em 2019. A intenção do Governo Federal é a exploração desse Centro por diversos países (protegendo a tecnologia americana), cobrando uma espécie de aluguel por seu uso, desconsiderando a produção da existência e as territorialidades construídas por essas comunidades ancestrais, no referido território. O local é ocupado por aproximadamente 800 famílias de 30 comunidades da Região, desde o século XVII.
Essa é uma demonstração de como o capital sempre coloca seus interesses à frente da vida humana, como temos evidenciado através das diversas falas equivocadas e maledicentes do Presidente da República acerca da epidemia do coronavírus. Por meio de sua política quixotesca, na defesa do rentismo e do patronato, ele tem assumido uma política do mal e da morte contra a classe trabalhadora, não deixando nenhuma dúvida acerca de qual classe o mesmo representa.
Partindo do princípio de que as instituições não podem ser maiores que o ser humano, é dever do Estado cuidar e salvaguardar a vida das pessoas, sobretudo, no contexto de uma pandemia mundial que tem evidenciado efeitos catastróficos, causando milhões de mortes em todo o mundo. Não fragilizar e negligenciar as condições de vida que perpassa também pela moradia no campo e na cidade é determinante para uma sociedade igualitária.
Nessa perspectiva, a ADUNEB repudia veementemente a movimentação perigosa e estratégica desse Governo, que se aproveita das circunstâncias da pandemia do coronavírus para colocar em prática, através de suas ações espúrias e pouco palatáveis aos interesses das populações tradicionais mais vulneráveis, violações de direitos que atentam contra a vida e a dignidade humana dessas populações.