Jair Bolsonaro, a Vida Humana e a Economia de Mercado
Em 2018, 57 milhões de eleitores brasileiros fizeram uma escolha infeliz e equivocada para a presidência do Brasil. Escolheram exatamente um candidato despreparado, cuja campanha foi caracterizada pelas famosas fake news e pelos gestos de ódio, de atirar e tirar a vida dos opositores.
As suas declarações sobre morte quer seja através de torturas, feminicídio, lgbtcídio ou racismo levaram a uma banalização perigosa e a consequência foi o aumento considerável desses crimes.
Se havia alguma dúvida sobre a influência dos atos do Presidente da República em relação ao comportamento da população, a pandemia do coronavírus mostrou a nocividade.
Enquanto governadores, autoridades de modo geral, a própria população e, até alguns empresários tiveram ações de prevenção e de mitigação dos efeitos da pandemia do coronavírus, o Presidente da República subestimou a situação, estimulou seus seguidores à negligência e desobedeceu o protocolo para evitar a contaminação do vírus em atos públicos convocados por ele mesmo contra as instituições da república, realizados no último dia 15 de março em algumas cidades. Para a nossa sorte, foram atos esvaziados, tanto quanto a aprovação do governo e do desempenho pessoal do principal mandatário da União.
Se os cidadãos irresponsáveis irão responder pelo crime de disseminar o vírus, como fica, então, a situação da maior autoridade do País? Terá “imunidade” pelo cargo que exerce contrariando o princípio constitucional de que a lei é para todos? Confia nos quartéis, como se os mesmos estivessem de prontidão para lhe conferir, por um golpe institucional, plenos poderes, dissolvendo a república?
Reafirmando a mentalidade de extrema direita, elitista, preconceituosa e fascista, o Presidente declarou em entrevista, com muita naturalidade, que “algumas pessoas vão morrer”, demonstrando, ao mesmo tempo, que a sua grande preocupação é com a economia. A essa posição estão plenamente alinhadas instituições empresariais que possuem o ministro Paulo Guedes como principal porta voz no governo.
Causou certo “asco” ver e ouvir vídeos que circulam nas redes sociais gravados por alguns empresários sobre a atual situação, minimizando a perda de alguns milhares de vida (“cerca de 5 a 7 mil vidas”) diante do desastre econômico que se produz com o isolamento e quarentena da população e da paralisação de atividades (comércio, serviços etc).
Enquanto cresce a preocupação com as camadas mais vulneráveis da população, com a necessidade de investimento em ciência e tecnologia para diagnóstico, tratamento e prevenção da doença, as declarações de setores empresariais e os atos do Presidente sentenciam: AS VIDAS DOS BRASILEIROS VALEM MENOS DO QUE OS POSSÍVEIS PREJUÍZOS DO MERCADO.
Coordenação ADUNEB