Ação da ADUNEB mostra que mulheres gostariam de receber respeito no Dia da Mulher
Em vez de flores e outros presentes materiais, respeito, igualdade e oportunidades iguais. Com a aproximação do Dia Internacional da Mulher, a ADUNEB realizou uma ação nos departamentos da UNEB (Campus I), Reitoria e redes sociais, entre os dias 02 e 04 de março. A atividade consistia em cartazes que proporcionavam às mulheres escreverem, de maneira espontânea, sobre o que gostariam de receber no citado dia 8 de março. A proposta oferecida também pelas redes sociais possibilitou a participação de mais mulheres, inclusive de outros campi. A ação foi uma iniciativa de um sindicato dirigido por sete mulheres, que acredita que esse dia seja, além de uma celebração, um momento de luta e de conscientização.
O público feminino da UNEB se fez presente. Elas aderiram à campanha e, por meio das mensagens, abordaram desde conscientização de classe, questões políticas e de gênero, até clichês materiais e imateriais. Aproximadamente 65% dos escritos continham pedidos que revelam a luta cotidiana contra o preconceito racial, machismo e a dificuldade de se impor como mulher em uma sociedade patriarcal.
As questões de empregabilidade, desigualdade salarial e a postura machista dos homens foram retratadas com insatisfação e recorrem aos pedidos de mudança. O item mais citado, tanto nos cartazes quanto nas redes sociais, foi o respeito. E não só o respeito enquanto ser humano, do sexo feminino, mas respeito pelas suas decisões, desejos e conquistas. Cerca de 10% dos comentários citaram a questão da insegurança feminina. Os direitos de ir e vir, liberdade de expressão e liberdade sexual, são colocados de lado devido ao medo da cultura do estupro e por influência do machismo, impedindo-as de agirem de forma autêntica na sociedade.
O tema racial também é evidenciado, como na mensagem “Justiça Social para as negras! (Esse Brasil mamou nas nossas tetas) – Amas de leite... #Presente!”. Essa afirmação contribui para a estatística de que, apesar do Brasil ser o país de maior população negra fora do continente africano, conforme o Institute for Cultural Diplomacy, é o país que mais apresenta taxas de violência e desigualdade social contra os negros e negras. Segundo o IBGE, 54% da população brasileira é de pretas/os ou pardas/os.
Aa mulheres pretas, pardas e as trans são as principais vítimas de morte violenta. De acordo com o Atlas da Violência 2019, de 100 homicídios, 71 são de pessoas negras. Esses números tornam-se ainda mais alarmantes se incluído o aumento de 54% da taxa de feminicídio de pretas nos últimos dez anos.
Por outro lado, como questão material, o dinheiro foi amplamente citado, aparecendo em praticamente todos os cartazes. Isso evidência a realidade brasileira de que apesar de trabalhar o dobro de horas que um homem trabalha no país, as mulheres ganham em média 20,5% menos que eles, de acordo com pesquisa do IBGE.
De acordo com a coordenadora da ADUNEB, Ana Margarete Gomes, o resultado da ação mostra o inconformismo das mulheres com as opressões que sofrem diariamente e a necessidade de denunciar as agressões. Além disso, evidencia também que o sindicato atua corretamente ao ter escuta não só às pautas trabalhistas da categoria, mas também às causas sociais. “Somos uma direção de sete mulheres. Em um contexto de perdas de direitos e retrocessos, isso é um avanço importante, produto de mulheres que lutam por um novo papel da mulher na sociedade”.