Audiência Pública discute a greve das universidades estaduais da Bahia
As/os docentes da Uneb de Salvador, nesta quarta-feira (22), participaram da audiência pública “Em Defesa das Universidades Estaduais da Bahia”. Realizada no Centro de Cultura, da Câmara dos Vereadores, a mesa foi composta pela coordenadora geral da ADUNEB, Ronalda Barreto, pelo representante do Comando de Greve da Uneb, Abraão Felix, o diretor regional do ANDES-SN, Milton Pinheiro e o deputado estadual, Hilton Coelho. A discussão foi promovida pela Comissão de Educação daquela Casa de Leis e mediada pelo/a vereador/a, Marcos Mendes e Aladilce Souza.
A professora Ronalda Barreto falou sobre a sua entrevista em uma rádio de Salvador, dia 21, quando exerceu o direito de resposta aos comentários do governador, realizados no dia anterior (ouça aqui a partir de 32 min e 15 seg). O político demonstrou desconhecimento sobre as Universidades Estaduais da Bahia (Ueba), por exemplo, no momento em que colocou pesquisa e extensão como “serviços complementares”. O gestor ainda tentou pôr a opinião pública contra a categoria docente. Ronalda também criticou a falta de autonomia das universidades que, através da imposição de sistemas eletrônicos pelo Estado, perdem a liberdade para definir as atividades acadêmico/administrativas de acordo com as prioridades estabelecidas.
Docente do campus de Alagoinhas, Milton Pinheiro, comentou sobre a importância das Ueba na Bahia. Citou a Uneb como um polo central de pesquisas, avanços tecnológicos e formação de estudantes em todas as regiões do estado. O professor também ressaltou os motivos que levaram a categoria à greve (leia mais). Para Milton, o governo estadual não valoriza a educação e nem se diferencia de outros do país, pois reproduz a lógica do capital, por exemplo, no momento em que faz as isenções fiscais às indústrias do polo petroquímico de Camaçari e à região agropecuária de Barreiras.
Hilton Coelho, Abraão Felix, Milton Pinheiro, Marcos Mendes, Aladilce Souza e Ronalda Barreto
Abraão Felix, professor do campus de Salvador, abriu sua participação com a frase mais utilizada nessa greve: “Negocia, Rui!”. Segundo Abraão, em toda greve o pressuposto da negociação tem que estar presente, mas quando o governador é um ex-sindicalista, essa questão deveria ser ainda mais forte. O docente contrapôs uma das acusações do governador, na qual diz que a greve foi iniciada antes do começo das negociações. “A pauta de reivindicações foi protocolada no governo no final de 2015, 2016, 2017, 2018 e início de 2019”. Finalizou afirmando que quem votou em Rui Costa não lhe deu um cheque em branco, a sociedade precisa cobrar as posturas do governador.
O deputado Hilton Coelho elogiou o Movimento Grevista que, com determinação, tem conseguido pautar a greve desde Salvador até a imprensa nacional. O político citou a importância do Brasil como a 6ª economia mundial e que, para romper com a condição colonial e com o “apequenamento” do atual momento político, é necessário valorizar as universidades e suas pesquisas científicas. Hilton chamou a atenção para a elaboração do Plano Plurianual (PPA) que ocorrerá este ano e é um instrumento para apontar as diretrizes da gestão pública. A propaganda do governo diz que educação é prioridade, então o PPA é a chance de ver, na prática, a valorização das Ueba.
Como mediadores da audiência pública, os vereadores Aladilce Souza e Marcos Mendes também criticaram a falta de diálogo do governador com os docentes em greve. Afirmaram que estão à disposição para auxiliar no que for necessário. Aladilce ainda ressaltou que, em 13 de maio, um grupo com nove vereadores do campo da esquerda publicou uma carta de apoio ao Movimento Grevista das Ueba.