Resistência cigana: a luta de um povo contra um preconceito histórico
Uma população sofrida, castigada pelo preconceito, mas que não foge à luta e resiste desde quando migraram da Índia à Europa, há cerca de 1.000 anos. Assim é o povo cigano, que tem como marco internacional de luta o dia 08 de abril. Momento propício para a valorização da cultura, da história e para denunciar a discriminação histórica em todo o mundo.
Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, Jucélio Dantas da Cruz foi o primeiro cigano do estado da Bahia a ter um diploma de nível superior. Com orgulho de sua cultura, ele comenta a resistência e os poucos avanços conquistados. “No Brasil, embora a discriminação seja forte, nas últimas duas décadas temos conseguido ampliar nossos espaços”. O docente explica que as poucas conquistas ocorreram principalmente a partir do governo Lula. “O avanço foi muito por conta da nossa inclusão no grupo dos povos e comunidades tradicionais que, até então, não fazíamos parte. Antes eram indígenas, quilombolas, pescadores, marisqueiros, povo de terreiro, etc. Era como se os ciganos não existissem”. Essa inclusão permitiu o planejamento de políticas públicas ao povo cigano, porém, a maioria não saiu do papel. A alegação, tanto em âmbito federal quanto estadual, sempre foi a falta de recursos orçamentários.
Apesar dos obstáculos, aos poucos, devido às políticas afirmativas, o povo cigano tem conquistado o direito da formação universitária. Jucélio conta que só foi possível começar a estudar com 15 anos. “Devido ao nomadismo, muitas vezes forçado por imposição da sociedade, por sermos expulsos de terrenos e outras perseguições, não conseguimos frequentar a escola. Por isso, a formação dos ciganos é muito baixa. Não temos um grande número de ciganos com formação universitária, mas esse processo tem aumentado gradativamente”. Nesse sentido, o docente da Uefs ressalta a política de cotas instituída pela Uneb, em julho de 2017, e por outras universidades do país. “Torcemos para que tenhamos muitos estudantes para aumentar esse contingente”.
História
O Dia Internacional dos Ciganos começou a ser comemorado em 1971, data em que foi realizado o primeiro encontro internacional, em Orpingtion – Inglaterra. No Brasil, a comunidade cigana chegou em 1574, por meio da colonização portuguesa. O povo cigano, proporcionalmente, está entre os que mais foram dizimados no holocausto, provocado pela perseguição de Adolf Hitler. Cerca de 50% da sua população, residente na Europa, foi morta.