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Solenidade na Alba homenageou Marielle Franco. Um ano sem resposta. Quem mandou matar?



 Um momento histórico, repleto de resistência e demonstrações de disposição de enfrentamento à onda conservadora e à extrema direita. Assim foi a sessão especial da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), neste 14 de março, dia que marcou um ano do assassinato da vereadora e militante dos direitos humanos, Marielle Franco. O evento contou com a presença de inúmeras representações de Movimentos Sociais, entre essas, as lideranças de mulheres do MST, do MTST, de coletivos LGBTs, dos atingidos por barragens e do Movimento Negro. A ADUNEB, que tem como uma de suas bandeiras a luta contra a discriminação de gênero, também esteve presente. A solenidade foi coordenada pelo proponente da atividade, deputado Hilton Coelho (PSOL), e pelas deputadas Neusa Cadore (PT) e Olívia Santana (PC do B).

O plenário da Casa de Leis, repleto de ativistas sociais, sobretudo de mulheres negras, pôde ouvir em cada uma das falas a indignação com a impunidade. Em todos os pronunciamentos a pergunta inevitável era feita: “Quem mandou matar Marielle?”.

Uma das falas emocionadas foi de Miralva Nascimento, carinhosamente conhecida como Dona Mira, que compõe a ocupação urbana Marielle Franco, em Salvador. Ela comentou que o histórico de luta da vereadora carioca deixou um legado. “Eles não quiseram Marielle lá. Tentaram acabar com a voz dela, mas não sabiam que várias outras Marielles surgiriam”. Dona Mira completou: “Nossa luta continua. Lutamos para que nossos filhos e netos tenham direito à vida, mas uma vida com dignidade. Chega de vítimas do terrorismo do Estado”.
 
Coordenadoras da ADUNEB durante homenagem à Marielle no decorrer da sessão especial
 
A coordenadora da ADUNEB, da pasta de Gênero, Etnia e Diversidade, Marluce de Santana esteve na Alba. A docente alertou que o Brasil é o quinto país do mundo com maior ocorrência de violência contra a mulher. “A luta por justiça à Marielle é a luta contra o histórico brasileiro de assassinatos de mulheres, de uma sociedade machista, opressora, que tem como cultura menosprezar, violentar e isso se reflete no alto índice de feminicídios. A batalha contra essa violência precisa ser encampada por toda a sociedade”, disse Marluce.

O 14 de março entra para o calendário de lutas dos movimentos em defesa das mulheres. Assim comentou a coordenadora de finanças da ADUNEB, Maria Almeida, que também fez questão de ir à Alba.  Para Maria, a presença de tantas militantes na solenidade mostra para o governo do estado, para a assembleia legislativa e para o governo municipal que as mulheres estão unidas, organizadas e não irão tolerar a cultura machista de assassinar mulheres, pobres e negras. 
 
Professoras, sindicalistas, políticas. A força da mulher baiana na luta contra a impunidade

Quanto à pergunta sobre quem matou Marielle? A solenidade na Alba mostrou o caminho: a resposta ainda virá e será por meio da pressão e das lutas dos Movimentos Sociais e de seus ativistas.