Notícias

Docentes discutem em Juazeiro ações para preservação da bacia do Rio São Francisco



 A degradação da bacia do Rio São Francisco e a possibilidade de contaminação com os resíduos tóxicos, da tragédia causada pela mineradora Vale S.A., em Brumadinho, foram pauta na assembleia da ADUNEB, na quinta-feira (21), em Juazeiro. Como encaminhamento, o sindicato reativará o Grupo de Trabalho de Política Agrária e Meio Ambiente, afim de congregar e aprofundar as discussões e as ações em defesa do São Francisco.

Docente do campus da Uneb de Bom Jesus da Lapa, Helder Bomfim, relatou com preocupação o que chamou da “calamidade”, referindo-se ao assoreamento do rio e a destruição da mata ciliar. Segundo Bonfim, para tentar minimizar os problemas que vêm de muito tempo antes da destruição provocada pela Vale, o Campus de Lapa criou um comitê que atuará em parceria com a Pastoral da Terra, Diocese e IF Baiano. “Temos que discutir modelos de desenvolvimento. Existem tecnologias sociais que podem ser implantadas e minimizam os impactos do capitalismo”, afirmou.

Preocupada com a preservação do Velho Chico, a professora Márcia Guena, do Campus de Juazeiro, relatou o processo de criação de um Fórum Permanente em Defesa do São Francisco. O espaço envolve mais de 20 entidades, entre universidades, movimentos sociais e organizações políticas. Além da Uneb, compõem o Fórum a Univasf, Embrapa, Secretária do Meio Ambiente de Juazeiro, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Promotoria Pública da Área Ambiental de Petrolina, entre outras.
 
Profº Márcia Guena relata a formação do Fórum Permanente em Defesa do São Francisco

Promover uma discussão de maneira ampla é uma das preocupações da docente Maria Herbênia Cruz, também da Uneb de Juazeiro. Para ela, o lamentável crime ocorrido em Brumadinho traz à tona um alerta ainda maior. “Existe a necessidade de discutir um leque de questões, que vão desde a defesa direta do rio até a conscientização da sociedade. A água é o recurso mais nobre do semiárido. A Uneb está presente em várias regiões ribeirinhas que pertencem à bacia do São Francisco”, ressaltou a docente.

Um dos organizadores do livro intitulado “Barrando as barragens – O início do fim das hidrelétricas”, o pesquisador Juracy Marques defendeu a desobstrução e a restauração do São Francisco por meio da remoção das barragens. Estudioso sobre o tema, Marques relatou inúmeros problemas ambientais provocados pelas construções e citou que na Europa e Estados Unidos centenas de barragens já foram desfeitas. Convidou a todos os presentes a refletirem sobre a necessidade, também no Brasil, do final do que chamou de “paredões da morte”.

Após as falas das/os docentes e o encaminhamento de construção do GT da ADUNEB, o conselheiro do sindicato, professor Sérgio Guerra, do Campus I, relembrou o episódio da privatização da Vale. Ele pontuou as tragédias causadas em Mariana e Brumadinho como consequências da política neoliberal irresponsável de privatizações. O historiador ainda ressaltou a decisão da direção da ADUNEB para apoiar a luta dos movimentos sociais.