Seminário no Campus de Bonfim debateu o desmonte da educação pública e os caminhos de resistência
O “Seminário Reformas Educacionais e o futuro da Educação Pública no Brasil” aconteceu na quarta-feira (20), no Campus da Uneb de Senhor do Bonfim. Com a presença de quase 300 participantes, entre professores, estudantes e representantes de movimentos sindicais, sociais e outras organizações políticas, o evento debateu o desmonte da política educacional, sobretudo do Plano Nacional de Educação (PNE). A realização foi uma parceria entre ADUNEB, Departamento de Educação - DEDC VII e Articulação Interterritorial para Fortalecimento da Educação do Campo. A atividade também teve o apoio da Uneb e da Câmara de Educação do Território Piemonte Norte do Itapicuru.
Os trabalhos foram abertos com a análise de conjuntura, feita pela professora Célia Taffarel (UFBA). A docente discutiu os problemas da educação a partir da política de estado do Governo Federal, que age na perpetuação do modo de produção capitalista. Entre as várias formas de atuação, ela citou a militarização das escolas, o baixo investimento, o desmonte do PNE, a destruição das forças produtivas, os retrocessos das leis trabalhistas e a guerra híbrida, que tem como uma de suas estratégias as fake news. Para a resistência ao atual cenário, a professora defendeu a união da classe trabalhadora nas pautas que a unificam, com a realização de greves, ocupações das fábricas, atuação em comunicação via mídias alternativas e comunitárias.
Presença de docentes, estudantes, organizações políticas e representantes do Movimento Social
Ainda pela manhã ocorreu a mesa "BNCC e o Futuro da Educação Pública", com a participação das/o docentes Ivânia Freitas (UNEB), Átila Menezes (UNIVASF) e Maria Elizabeth (UNEB). A mediação foi da professora Rita Carneiro (UNEB / Campus VII). Os debatedores mostraram que o projeto Base Nacional Comum Curricular (BNCC) faz uma reforma educacional que não visa a melhoria da educação pública. O objetivo é a formação de mão de obra para atender às demandas do mercado, com o abandono da diversidade e desprezo à teoria, ciência e ênfase à fragmentação do conhecimento. Se observado pela ótica jurídica, o BNCC precisa ser entendido como algo que afronta a Constituição, a qualidade da educação pública e o PNE em sua forma original, que trazia avanços ao país.
No período da tarde a discussão, mediada pela professora Suzanna Alice (UNEB), foi sobre o "BNCC na formação de professores: significados e implicações", com a participação das/o docentes Ronalda Barreto (ADUNEB), Jaílson dos Santos (APUB) e Celi Taffarel (UFBA). Os debatedores criticaram a proposta que tem como base as pedagogias do aprender a aprender, as competências e habilidades, o que fortalece a desigualdade social, pois oferece dois tipos de formação. A primeira direcionada aos filhos dos trabalhadores que não dá amplo acesso ao conhecimento produzido pela humanidade, descontextualizada. A segunda formação focada na valorização do amplo conhecimento científico, para os filhos das classes dominantes. Os docentes defenderam a universidade como espaço de resistência ao retrocesso, atuando em articulação com os Movimentos Sociais. Assim, também fazendo o enfrentamento à mercantilização da educação, que atua a serviço de grandes corporações privadas internacionais.