Mais uma página triste na história da frágil democracia brasileira. Ontem, 24 de janeiro, o deputado federal, Jean Wyllys, um dos principais parlamentares de oposição às bancadas conservadoras da bala, da bíblia e do boi, renunciou à terceira legislatura, que iniciaria em fevereiro. Para preservar a própria vida e continuar a luta, mesmo que por outros caminhos, ele foi obrigado a sair do Brasil, devido às ameaças de assassinato, feitas por opositores e milicianos. No país em que mais se mata LGBTs no mundo, Jean foi o primeiro deputado federal, assumidamente gay, a levantar a bandeira dos direitos da comunidade LGBT. Segundo informações do próprio parlamentar, há anos sofre ameaças de morte, o que se agravou pela intensificação da onda conservadora e do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco.
No governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, que em menos de um mês no Planalto, já toma medidas que enfraquecem ainda mais a democracia e aumentam a violência na nação, Jean Wyllys foi o primeiro parlamentar a ser obrigado a partir para o exílio. Porém, ainda em dezembro, antes mesmo de iniciar o governo, a política opressora, violenta e conservadora que já era anunciada por Bolsonaro, causou o primeiro exílio na comunidade acadêmica: a antropóloga Débora Diniz (
leia mais). A pesquisadora da UnB é conceituada mundialmente pelos seus debates acadêmicos sobre os direitos da mulher, sobretudo, relacionados ao aborto. Após dezenas de ameaças de morte e ter sido incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Débora teve que deixar a pátria.
A ADUNEB manifesta total solidariedade ao deputado e companheiro de lutas, Jean Wyllys. Casos como o do deputado federal, da pesquisadora da UnB, e também da prisão arbitrária do ex-presidente Lula, evidenciam a total deterioração da democracia brasileira. Por aqui, continuaremos na resistência contra o obscurantismo. Para além da luta em defesa da categoria docente e da educação pública superior, as pautas em defesa dos direitos humanos, em favor das comunidades oprimidas, em defesa das LGBTs, das mulheres e na defesa incondicional da democracia continuarão no dia a dia da ADUNEB.
Há braços de luta!
Coordenação ADUNEB