Notícias

TCE permite, mas professoras/es da Uneb continuam sem passagens



 Embora o Tribunal de Contas do Estado (TCE) tenha autorizado a Uneb, até 18 de janeiro, a comprar passagens intermunicipais aos docentes que necessitam do benefício para trabalhar (leia mais), na prática, a ação não tem ocorrido. De acordo com fontes em vários departamentos, o não pagamento dos vouchers acontece devido ao contingenciamento de recursos imposto pelo governo estadual. O problema causa prejuízo financeiro as/os professoras/es, que são obrigados a gastar do próprio bolso com translado. A decisão do TCE de prorrogar o uso das passagens, por 90 dias, ocorreu graças a uma articulação da coordenação da ADUNEB e de integrantes do Movimento Docente junto ao TCE. 

A falta de vouchers impacta centenas de docentes. Professora do campus de Paulo Afonso, Viviane Carvalho, afirma que há 14 anos recebia as passagens até a cidade de Conceição do Coité, local em que reside. A docente é obrigada a gastar 20% do salário com passagens. Viviane ressalta que outros professores do departamento gastam até 50% do salário, somente com transporte. “Desde que entrei (na universidade) há uma cultura de os professores receberem o auxílio transporte, devido à Uneb ser multicampi. É difícil ter um quadro de docentes para todos os cursos, de todos os departamentos, que residam no local em que os cursos são oferecidos”, explicou a docente.  
 
Autonomia 

A falta de autonomia de gestão é um dos principais problemas enfrentados pelas universidades estaduais da Bahia. Essa é a análise da coordenadora geral da ADUNEB, Ronalda Barreto. A professora afirma que apesar do sindicato ter conseguido sensibilizar o TCE para a necessidade da compra, o problema ficou centralizado nas mãos do governador. “Tanto o repasse do recurso financeiro para a aquisição das passagens quanto a alteração do Decreto 6192/97 que resolverá definitivamente o problema do auxílio transporte (leia mais), dependem do compromisso do governo do estado com a educação superior na Bahia”, disse Ronalda. Ela ainda questionou: “Não faltam verbas para as obras, falta para a educação, por quê? ”.

Prejuízo

A história da professora Nelma Arônia reflete o tamanho do prejuízo dos docentes. Dedicada ao trabalho, mas atualmente obrigada a residir em Salvador por problemas particulares, ela percorre toda semana quase 1.800 km para atuar no Campus de Barreiras. Gasta mensalmente R$ 1.400,00 com passagens. “Não estou conseguindo mais. Nosso salário está sem reajuste. O salário perdeu o poder de compra e as passagens aumentaram muito. Quando comecei a viajar custava 60 reais. Hoje o valor é 175 reais”. 

Membro da comissão passagens da ADUNEB, Eduardo Borges é docente no Campus de Conceição do Coité. Morador em Salvador ele diz ter apenas mais dois vouchers. “Assim que acabar não tem mais, terei que pagar do próprio bolso. A diretora do campus demonstrou total preocupação em resolver o problema, mas não há recursos”. “Conseguimos um grande ganho, que foi estender o prazo para o corte das passagens, mas não vamos conseguir utilizá-lo”, lamenta o professor. 

Empenhada em tentar solucionar o problema das passagens, a coordenação da ADUNEB segue na busca pela abertura de diálogo com o governo Rui Costa.