NOTA DA ADUNEB SOBRE AS ELEIÇÕES 2018
A civilização contra a barbárie é como se apresenta o segundo turno da eleição presidencial de 2018. Nessa corrida presidencial está em jogo a soberania da nação. De um lado temos um candidato radical de extrema direita que obteve, até o momento, a maioria dos votos e, do outro, devem aglutinar-se as forças democráticas, caracterizando, assim, também uma luta da democracia contra o fascismo.
Manifestando preocupação com o atual processo, a coordenação da ADUNEB - entidade regida pelos princípios democráticos e que tem, entre os seus objetivos, a luta pela democracia - cumprindo o seu papel, vem a público manifestar seu posicionamento em relação ao processo eleitoral, marcado pela crise da democracia.
Porque marcada por processos substantivos incompletos de inclusão cidadã e humana, a jovem democracia brasileira, que está em construção, é vista com indiferença por parte de sua população. Resulta daí, muitas vezes, o apoio dirigido a candidatos autoritários e até mesmo à ditadura. Por outro lado, as eleições são tanto o canal de escolha de representações como meio de fortalecimento do chamado por mais democracia.
Neste contexto, as forças políticas conservadoras exploram os medos, os anseios e as frustrações da população com o intuito de criar ilusões quanto a soluções fáceis que têm o papel de confundir a cidadã e o cidadão. A impressão de que todo político é igual e de que não adianta votar cria dificuldade para uma tomada de decisão consciente, fortalecendo a política do desespero e a aspiração de que a rigidez de comportamento das corporações militares seja aplicada ao político ou mesmo que existam salvadores da pátria.
Nessa ambiência, a disseminação do ódio e da violência aprofunda a ameaça às históricas conquistas dos trabalhadores. Semelhante às brigadas fascistas, apresenta-se uma narrativa contra políticos de esquerda, racista, homofóbica, misógina, que prega a intolerância religiosa e apresenta receitas fáceis para problemas complexos, o que atrai as/os mais desavisadas/os.
A universidade pública tem o papel de cultivar o discernimento, a razão, o exercício de argumentos para o convencimento e a resistência aos processos antidemocráticos. É inerente, portanto, à universidade atuar na defesa da democracia, o que nesse caso significa também atuar em prol da sua própria existência - profundamente ameaçada - contra o fim do 13º salário, do adicional de férias e dos demais direitos trabalhistas.
Em virtude dos retrocessos políticos, dos ataques aos direitos sociais e trabalhistas, da ameaça aos valores humanos, às liberdades e direitos democráticos, conclamamos as/os docentes e toda a comunidade universitária a se engajarem na luta que se trava. Trabalhar para combater o fascismo é também agir em defesa da universidade pública como condição fundamental para fortalecer o estado democrático de direito.
Coordenação ADUNEB