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Opressão machista na ciência foi discutida em videoconferência

 Com transmissão disponibilizada a todos os campi da Uneb, na última segunda-feira (21), a ADUNEB realizou a videoconferência “Opressão machista na ciência e no trabalho docente”. As discussões aconteceram a partir do auditório do sindicato, no Campus I, em Salvador. A atividade encerrou um conjunto de eventos promovidos, neste mês de março, para refletir sobre o combate ao machismo na sociedade. A videoconferência foi mediada pela professora e militante do Movimento Feminista, Luciana Souza, do Campus de Santo Antonio de Jesus.

Primeira a falar, a docente Ediane Lopes, do Campus de Teixeira de Freitas, fez uma contextualização histórica sobre o machismo nos espaços da universidade. Segunda a professora, na academia o poder circula em forma de saber, e isso explica os obstáculos criados e a demora para que o sexo feminino pudesse ocupar espaços nas universidades. Na era Medieval, entre os séculos XII e XIII, surgiram as primeiras universidades. A primeira mulher que se tem notícia a entrar na academia foi em 1837, em Ohio, nos Estados Unidos. Na Europa foi apenas no século XX.
 
No Brasil, de acordo com Ediane, foi na década de 1970, a partir de fatores como o fortalecimento das mulheres operárias e do Movimento Feminista, que efetivamente a mulher começou a entrar no universo acadêmico. Porém, até hoje, mesmo já presentes em maior número, nos espaços de poder ainda são minoria. Outros fatores ainda evidenciam o machismo na academia, a exemplo das crescentes denúncias de assédio moral e sexual.
 
Historiadora do Campus de Eunápolis, Caroline Lima, baseada em reflexões do filósofo francês, Michel Foucault, abordou questões relacionadas entre o machismo e a produção do discurso. Para Foucault, na sociedade a produção do discurso é controlada e determinante de espaços de poder. Em sua análise, a professora Caroline demonstrou como esse controle do discurso impactou de maneira intensa a universidade. A sociedade machista impediu que as discussões sobre gênero ocorressem em instituições de ensino, sobrando às mesmas apenas espaços privados, familiares. Assim, por não serem reconhecidas como padrão, não possuíam lugar na academia, onde o fazer ciência tornou-se algo masculino.
 
Ainda pautada na questão discursiva de Foucault, a professora ressalta que mulheres em fóruns privilegiados, que enfrentam o padrão machista pré-estabelecido, até hoje, são comumente taxadas de loucas, problemáticas e mal amadas. Antes de encerrar, refletindo sobre como combater o machismo no campo da ciência, Caroline enfatizou a necessidade da problematização sobre os espaços de poder, do enfrentamento ao discurso machista e a discussão a fundo das questões de gênero na academia.
 
Debates a partir do auditório da ADUNEB - luta contra a opressão machista
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