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Notícias do Haiti: repressão à luta por novo salário mínimo se intensifica



Os fatos narrados a seguir foram enviados por trabalhadores haitianos a entidades brasileiras que apoiam sua luta, inclusive pela saída imediata das tropas brasileiras.

1- Depois de muitas mobilizações de setor operário e popular em geral, a Câmara dos Deputados e o Senado adotaram por voto, uma nova lei reajustando o salário mínimo de 70 para 200 gourdas ( 42 gourdas=1 dolar)

2- A Associação dos Industriais Haitianos (ADIH), no dia 13 de maio, promoveu uma conferência colocando claramente que está pronta para fazer tudo afim de impedir ao presidente da República a publicação desta lei no jornal oficial do Estado. No mesmo momento, os industriais mandaram os parlamentares para voltar atrás com seu voto. O mês de maio serviu para ambos os campos ( os burgueses e os trabalhadores) mobilizarem suas forças.

3- Segunda feira, dia 1 de junho, os estudantes da Faculdade de Ciências Humanas (FASCH, em francês) da Universidade estadual de Haiti (UEH) fizeram um acampamento na Avenida Christophe para chamar o presidente a respeitar suas obrigações legais de fazer publicar a nova lei.

4- Quarta feira, dia 3 de junho, os estudantes fizeram uma grande manifestação nas ruas da capital. A Minustah atirou muito.

5- Quinta feira, dia 4, outra manifestação maior saiu pelas ruas. A Minustah continuou atirando. Prendeu 40 pessoas, dentro das quais se encontraram 24 estudantes. Numa igreja perto à Universidade, uma criança morreu sufocado sobre o efeito do gás lacrimogêneo com o qual a Minustah aspergiu todas as ruas da cidade universitária. Um jovem de 20 anos foi atingido na cabeça por uma bala. As 40 pessoas ficaram presas e policia não aceitou visita dos familiares que quiseram levar comida para elas.

6- Segunda feira, dia 8 de junho, o juiz do governo, Me Manès, liberou 8 estudantes. Depois liberou mais 5. Sem nenhuma justificação, decidiu guardar as outras pessoas presas. Até um mecânico que foi prendido na sua garagem, não teve a oportunidade de sair da prisão.

7- Terça feira, dia 9, os estudantes não tiveram tempo de sair. A Minustah encerrou o bairro de manhã cedo.

8- Terça feira, dia 9, alunas de escolas secundaristas públicas, realizaram uma manifestação bem maior que as dos estudantes. Resultado: a Minustah aspergiu o Hospital da Universidade Estadual do Haiti (HUEH) com un gás lacrimogêneo sufocante muito tóxico até por que os médicos foram embora deixando os doentes sozinhos. (Só vai nesse hospital quem é pobre). Perto ao HUEH (todo mundo chama de Hospital geral) morreu um idoso sufocado. A Minustah prendeu varias pessoas e continuou prendendo pessoas até a madrugada.

9- Quarta feira, dia 10 de junho, a Minustah invadiu duas faculdades da UEH: a Faculdade de Etnologia e a Faculdade de Ciências Humanas (FASCH). Conseguiu entrar na Faculdade Etnologia, mas não na FASCH.

10- Na Faculdade de Etnologia, os estudantes descobriram um jovem com armas. Esse jovem estava testemunhando que foi mandado para fazer um trabalho com a arma. Mas no momento de seu testemunho, a Minustah atirou e aspergiu de gás todo mundo que acabou correndo. E a Minustah foi embora com este jovem. E ao mesmo tempo, prendeu outros estudantes.

11- Quarta feira, dia 9, a tarde, um estudante recebeu uma bala na cabeça e acabou morrendo. O nome dele é Emmanuel Jean-François.

12- A Minustah tem uma lista de professores marxistas para matar. Esses marxistas são acusados de incentivar idéias de rebelião nos estudantes, porque sempre acompanham os estudantes nas manifestações. São principalmente professores da ASID (Asosyasyon Inivèsitè ak Inivèsitèz Desalinyèn), organização que participou do ELAC, no ano passado em Betim, MG.

13- Segunda feira, dia 8 de junho, o governo aproveitou da situação para anunciar a privatização das telecomunicações haitianas.

Durante todo o mês de maio e o inicio de junho, os estudantes da Faculdade de Medicina e de Farmácia (FMP em francês) estavam em greve contra um processo de reforma anunciado pela diretoria desta faculdade. Eles receberam gás lacrimogêneo da Minustah e da Policia nacional todos os dias.