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Cerca de 2 mil trabalhadores enfrentam repressão policial no 1º de Maio da Praça da Sé, em São Paulo

O tradicional 1º de Maio classista e independente de patrões e do governo que ocorre na Praça da Sé, em São Paulo, contou com cerca de 2 mil trabalhadores, estudantes, pais de família, crianças e mulheres. Tinha tudo para ser mais um ato de resistência e de luta convocado por organizações de esquerda não fosse a brutal repressão policial que aconteceu durante o evento.

 

PM utiliza gás de pimenta e bombas de gás - A praça da Sé estava tomada por bonecos do Sindesef da presidente da República “Dil Má”, bandeiras e faixas defendendo as reivindicações dos trabalhadores, denunciando o machismo, a opressão e a homofobia, quando a PM (Policia Militar) prendeu uma pessoa que participava da atividade. Alguns tentaram interceder, afinal era uma manifestação pacifica, porém, sem dialogo, foi lançada a primeira bomba pela policia. Logo veio a segunda e em seguida as balas de borracha. Os que participavam do 1º de Maio tentaram se proteger, mas muitos foram atingidos pelo gás pimenta e o ativista Isaías Silva Carvalho, do MTST, foi ferido por duas balas de borracha no peito, que deixaram enormes feridas.

 

A força dos que ali estavam não foi intimidada pela repressão policial, ao contrário, impulsionou para que o ato seguisse com mais garra e denunciasse a criminalização das lutas e dos movimentos dos trabalhadores no Brasil.

 

Ato classista, independente de patrões e do governo – A importância da luta da classe trabalhadora contra o atual governo foi confirmada em cada uma das intervenções das diversas entidades presentes que não se venderam ao capital. Estiveram presentes organizações de esquerda, do movimento popular e estudantil, como a CSP-Conlutas, Intersindical, Unidos Para Lutar, ANEL e Pastoral Operária; Sindsef-SP, Simpeen, Judiciário Estadual, Metroviários e outros sindicatos; membros do  movimento popular como o MTST, o MUST, o MST, e os partidos políticos PSOL, PSTU, PCB entre outros.

 

O membro do MTST e da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Guilherme Boulos, destacou o aumento dos despejos e remoções de famílias em áreas que seriam destinadas para construções de obras para Copa do Mundo e Olimpíadas. “A prefeitura não faz remoções nas mansões do Morumbi, mas desapropria famílias da favela de Paraisópolis”, disse, fazendo o comparativo do bairro mais rico e o mais pobre de São Paulo, salientando que essa era uma política de higienização imposta pelo governo em diversas regiões do país.

 

O dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de SJCampos, Luiz Carlos Prates, o Mancha, que também é membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, fez um panorama, lembrando das lutas do povo árabe contra ditaduras e por melhores condições de vida em seus países. Ele chamou atenção para as greves que tem acontecido nos países da Europa contra a retirada de direitos imposta pelos seus respectivos governos, salientando a importância de que também aqui no Brasil temos que lutar.

 

O dirigente da Central disse que nesse 1º de Maio não há nada que se comemorar. “Estamos sob um governo que deu aumento ao salário mínimo em apenas R$ 545 [cerca de 6% de reajuste], enquanto parlamentares reajustaram seus salários em 62%, um governo que escraviza trabalhadores nas obras do PAC”, denunciou, além de ressaltar a luta dos trabalhadores da construção civil de Fortaleza, no Ceará, que enfrenta a patronal em campanha salarial e conta com o apoio da CSP-Conlutas.

 

Mancha mencionou o Dia de Nacional Mobilização, ocorrido três dias antes, em 28 de abril, convocado pela Central, que em todo país mostrou a força da classe trabalhadora com paralisações, manifestações e travamento de avenidas contra as medidas do governo. O corte no orçamento de R$ 50 bilhões, o aumento de juros, o aumento de preços, a tentativa de congelamento dos salários dos servidores federais entre tantos outros ataques foram os motivos do dia de luta. “Devemos acabar com as mazelas do capitalismo, que este 1º de Maio seja um passo adiante para novas manifestações”, finalizou.

 

O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino Prazeres, falou sobre a retomada do sindicato que agora volta para as mãos dos trabalhadores. “Estamos aqui, neste 1º de Maio combativo, com os companheiros da intersindical, Unidos Para Lutar e CSP-Conlutas, para reivindicar melhores condições para o Metrô e por um transporte público e de qualidade”, disse.

 

Representante da Intersindical, Antonio Cordeiro, citou a importância de construirmos um Brasil mais justo e socialista. “Não nos vendemos nem ao governo nem aos patrões. Para termos o país que queremos, sem miséria, justo e igualitário, devemos continuar lutando e seguirmos independentes.”

  

O sentimento de mudança esteve presente em todo o ato. As apresentações culturais de música, teatro e poesia não deixaram de denunciar a exploração, o racismo e a miséria sofrida pelo povo brasileiro, que deve continuar sua luta. Os eventos culturais também lembraram que essa é uma data de reflexão e de conscientização, uma data para reafirmar que os trabalhadores devem reivindicar seus direitos e defender as suas bandeiras de luta.