Notícias

Passeata defende educação pública, direitos trabalhistas e exige justiça à Chacina do Cabula



 As professoras e os professores de todo o país, presentes do 37º Congresso do ANDES-SN, sediado pela ADUNEB, em Salvador, ocuparam em passeata a rua Silveira Martins, que passa em frente à Uneb e é a principal via de acesso do bairro Cabula. O protesto foi na noite de terça-feira (23). Com carro de som, faixas e bandeiras os docentes ecoaram gritos de resistência em favor da educação pública superior e contra as políticas de retirada de direitos trabalhistas e sociais dos governos Rui Costa e Michel Temer. A manifestação ainda denunciou o genocídio do povo negro e exigiu que se faça justiça aos 12 jovens assassinados na Chacina do Cabula, que completará três anos em fevereiro. 

A atividade foi organizada pelo Fórum das ADs, espaço de organização política formado pelas quatro associações docentes das Universidades Estaduais da Baianas (Ueba): ADUNEB, ADUFS, ADUSC e ADUSB. Para o coordenador geral da ADUNEB, Milton Pinheiro, entre outros fatores importantes, o ato foi mais uma ação de denúncia contra os ataques à educação pública superior, realizados tanto pelo governo federal de Temer, quanto pelo governo estadual de Rui Costa. “O ato foi importante para denunciarmos à comunidade do Cabula o quanto à categoria docente e as Ueba são prejudicadas pela falta de atenção e vontade política do governo estadual. “Apenas entre 2012 e 2016, foram cortados R$ 74 milhões das universidades estaduais. Há três anos os docentes e todo o conjunto do funcionalismo público baiano não recebem o reajuste linear da categoria, que recompõe as perdas causadas pela inflação, isso representa cerca de 20% a menos no orçamento familiar de nós trabalhadores. Apenas na Uneb, atualmente, 416 professores e professoras têm seus direitos trabalhistas de promoção e alteração de regime de trabalho negados e aguardam em uma lista de espera”, disse Milton Pinheiro. 
 
Coordenadores da ADUNEB, Milton Pinheiro e Caroline Lima durante a passeata
 
Contra o genocídio
 
A responsável pela pasta de Gênero, Etnia e Diversidade da ADUNEB, Ediane Lopes, afirmou que a coordenação do sindicato considerou fundamental o ato público ter ocorrido no Cabula, pois não se pode apagar da memória as situações de opressão contra os segmentos desfavorecidos da sociedade. “A Chacina do Cabula, mais uma vez, demonstrou o racismo institucional e seletivo, que decreta pena de morte por conta da cor e da classe social. Temos que relembrar e denunciar sempre, para demarcar que a emancipação humana passa também pelo fim das opressões, do racismo, do preconceito de gênero, da LGBTfobia e de todas as demais formas de opressões”.
 
Avaliação

Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, ressalta a importância da realização do ato e do diálogo com a comunidade local. “Para nós, é muito importante, quando realizamos um evento em uma universidade pública, criarmos uma forma de nos comunicar com a comunidade do entorno, explicar porque nós estamos aqui. Como defendemos a educação pública, é fundamental interagirmos com a população local e convoca-la a participar da luta em defesa da universidade pública”, explica Eblin.

Presidente do ANDES-SN, Eblin Farage
 
Chacina do Cabula
 
O Campus de Salvador da Uneb está localizado no bairro Cabula, local que em fevereiro de 2015, ficou nacionalmente conhecido pela “Chacina do Cabula”. Na ocasião, 12 jovens de 16 a 27 anos, receberam 88 tiros à queima roupa, disparados pela Polícia Militar da Bahia. Apenas um dos rapazes tinha passagem pela polícia por porte de maconha. O laudo da perícia, divulgado pelo Ministério Público, constatou evidências de execução sumária. Porém, a justiça baiana, de maneira extremamente rápida, considerou todos os policiais inocentes. Movimentos sociais e Ministério Público tentam transferir o caso para o âmbito federal, afim de conseguir novo julgamento.
 
Leia aqui a matéria especial produzida pela ADUNEB sobre a Chacina do Cabula.
 
Veja aqui mais fotos do ato público.