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Truculência política - Gov da Bahia tentou colocar a PM à frente das negociações da greve das Ueba

 Professores e estudantes arrancaram um acordo do governo, mesmo sob metralhadoras e ameaça de desocupação à força da SEC 

O Comando de Greve da ADUNEB repudia veementemente a atitude do governo da Bahia que, de maneira truculenta, tentou criminalizar o Movimento Grevista colocando a PM, o braço armado do estado, para ser interlocutora da greve das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba). O problema aconteceu na última sexta-feira (17), durante a ocupação da Secretaria Estadual da Educação (SEC). A reivindicação pacífica de professores e estudantes defende à educação pública superior. 

A falta de habilidade política, do governo petista de Rui Costa, na negociação da greve das Ueba, quase proporcionou uma tragédia. Professores e estudantes que estavam na ocupação foram ameaçados pela Polícia Militar de serem retirados à força do local. Segundo o comandante de um dos batalhões, a ordem teria vindo direta do governador. O avanço nas negociações aconteceu graças à coragem dos manifestantes, que em defesa da educação pública e das Ueba, não se intimidaram com a pressão da PM e se recusarem a desocupar o prédio.

Os fatos

Na manhã de sexta-feira, após os manifestantes realizarem um protesto com vaias e apitaço, devido à presença do secretário da educação, Osvaldo Barreto no prédio, várias viaturas da PM, inclusive da Rondesp, foram chamadas. Policiais passaram a circular pelo local, inclusive com metralhadoras em punho. O Comando de Greve da ADUNEB reforça que a manifestação legítima e realizada de maneira pacífica, em defesa do orçamento e da qualidade das Ueba, para beneficiar diretamente mais de 60 mil estudantes e cerca de 5,5 mil docentes. 

Metralhadora em manifestação pacífica na SEC

Para piorar a situação, dois integrantes da Rondesp entraram na ocupação e informaram que estavam sendo interlocutores, enviados pelo próprio governo, para agendar uma reunião que trataria sobre a utilização das dependências da SEC pelos manifestantes.  Na citada reunião com o chefe de gabinete da SEC, Wilton Cunha, foi acertado que a ocupação do saguão continuaria, assim como também estava permitida a utilização de um dos banheiros do prédio.

Soldados da Rondesp no interior da ocupação

No início da noite, na tentativa de intimidar professores e alunos, o comando da PM foi à SEC afirmando ter autorização para a desocupação do local. Segundo Cunha, o chefe de gabinete da SEC, a partir daquele momento ele estava desautorizado a negociar com os Comandos de Greve, função que passaria a ser exercida pela PM.

Diante do fato e, ao contrário do que supunha no governo e PM, a comunidade acadêmica não se intimidou e afirmou que não sairia do local. Reconhecendo a força do Movimento Grevista, para evitar uma tragédia, naquela mesma noite o governo aceitou realizar duas reuniões ao mesmo tempo. Uma com os docentes e a outra com o Movimento Estudantil. 

Professores não se intimidaram diante da PM

Com o avanço das negociações e, somente por isso, após plenária realizada no início da manhã do sábado, os manifestantes decidiram pela desocupação do prédio da SEC. Os professores da ADUNEB ressaltam que a questão, além de evidenciar o despreparo do governo e incompetência política nas negociações, deixou clara a força da classe trabalhadora organizado, que resistiu à pressão e obrigou Rui Costa a negociar.

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