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Movimento Docente discute a conjuntura política do país

 Devido à aproximação da Copa do Mundo, as greves e as ações populares de reivindicação que ganham força e novamente começam a ocupar as ruas do país, a ADUNEB promoveu uma atividade para discutir a conjuntura política do Brasil. O evento teve como palestrante o historiador Prof. Dr. Carlos Zacarias Jr. e aconteceu na sede do sindicato, campus I, na sexta-feira, 23.05. O professor Zacarias tem uma extensa história de luta no Movimento Docente, foi diretor da ADUNEB em duas gestões, e hoje é professor na UFBA, local em que também é uma das lideranças sindicais. 

Por meio de contundentes informações o historiador traçou o atual cenário brasileiro e evidenciou que a crise do Capitalismo, que atingiu Europa e Estados Unidos, em 2008, embora há anos já impacte o Brasil, agora começa a ter reflexos mais fortes. Fato que o governo federal tenta esconder ao maquiar números e relatórios. Segundo o professor Zacarias, atualmente, 62 milhões de brasileiros que estão ociosos ou em subempregos nem se quer procuram trabalho fixo; dado que não é levado em consideração pelo IBGE e distorce o resultado final das análises.
 
O historiador mostrou ainda que a dívida pública brasileira é de 3 trilhões de dólares. Apenas em 2012, para amortizá-la, saíram dos cofres públicos da nação 712 bilhões de reais. Recursos que poderiam ter sido investidos em políticas sociais, saúde, educação, transporte, entre outros setores. 
 
Diante desse cenário ainda acontece a organização da Copa do Mundo, evento em que o governo do PT aposta seu capital político para, em contrapartida, tentar a permanência no poder. Ao todo, os gastos chegam a 19,6 bilhões de reais, sendo 6,3 bilhões de recursos diretos do governo; 8,3 bilhões de financiamentos a juros baixos a empresas privadas; 4 bilhões dos governos estaduais e 1 bilhão de reais dos governos municipais. Como resultado, os propagandeados legados da Copa do Mundo não aconteceram, como reforma completa dos aeroportos e melhorias consistentes na mobilidade urbana nos grandes centros. O que se vê são obras inacabadas, atrasadas e escândalos de superfaturamentos.
 
O grito nas ruas
 
Os fatos citados acima são apenas parcela dos problemas atuais do país, que contribuem para o atual descontentamento da população. Segundo o DIEESE, em 2012, aconteceram no Brasil 873 greves, o maior número desde 1996. Foram 86.900 horas de paralisações, em que a classe trabalhadora demonstrou força e poder de reivindicação por melhores condições as suas categorias.
 
Já as manifestações de junho de 2013, que tiveram a adesão de várias camadas da população e não apenas da classe trabalhadora, embora tenha tido a presença de setores da direita, contou em sua maioria com um sentimento progressista, na tentativa de avançar na resolução dos problemas sociais do país. Para o prof. Zacarias, as manifestações de 2013 iniciaram um novo ciclo na nação, pautado em novas correlações de força. “A classe trabalhadora e a população em geral estão mais dispostas às manifestações, à luta por seus direitos. No movimento sindical, por exemplo, vemos as bases se rebelarem contra os líderes pelegos, cooptados pelo governo”, analisa o historiador.
 
Para a Copa do Mundo a expectativa é que as manifestações de 2013 se repitam. A participação em massa de inúmeros setores dos movimentos sociais à mobilização de 15 de maio, deste ano, impulsionada por várias organizações, entre elas o Espaço Unidade de Ação e a CSP-Conlutas, deram a mostra definitiva de que na copa vai ter luta.
 
Carlos Zacarias finalizou com um alerta. “A crise do Capitalismo chegará até nós de maneira definitiva. Precisamos ficar atentos, pois só não vamos perder direitos se a classe trabalhadora estiver unida e na luta”, encerrou o líder sindical. 
 
Prof. Zacarias (blusa cinza) e diretores da ADUNEB - classe trabalhadora deve estar unida
para não perder direitos