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Governo desrespeita MD e tenta enganar a categoria



 Até os mais pessimistas ficaram surpresos com as atitudes e falta de respeito com que o governo Jacques Wagner tratou o Movimento Docente (MD) das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) na reunião realizada na última terça-feira, 19.02. Em pauta estavam duas discussões distintas: o debate sobre o restante da incorporação da gratificação por Condições Especiais de Trabalho (CET) e o reajuste salarial de 28%, exigido pelos professores para minimizar as perdas salariais da categoria nos últimos 20 anos. 

A expectativa do MD era que o governo cumprisse com a promessa feita na reunião do dia 8 de janeiro, e apresentasse uma contraproposta salarial aos professores. Mas, para a indignação dos docentes, os prepostos de Jacques Wagner surpreenderam com uma proposta de mudança radical de metodologia da negociação. Além disso, afirmaram ainda que enfrentam dificuldade em negociar a Campanha Salarial com os secretários de Estado das pastas de Educação, Planejamento e Administração.
 
Como o executivo não quis avançar nas discussões e mais uma vez demonstrou descaso com a educação e má vontade política em negociar, a reunião foi suspensa por ambas as partes para uma reavaliação do cenário, e será retomada no próximo dia 27, quarta-feira. 
 
Engodo
 
Após três reuniões, sendo duas técnicas no final do ano passado e uma de negociação, em 8 de janeiro deste ano, com as regras do jogo já postas à mesa, o diretor da Superintendente de Recursos Humanos da SAEB,  Adriano Tambone, de maneira ardilosa, apresentou uma nova proposta metodológica. Sugeriu que os dois itens da pauta (incorporação da CET e reajuste salarial de 28%) sejam discutidos em uma única negociação. Propõe ainda a formação de um grupo de trabalho para que, em um período máximo de 90 dias, sejam definidos critérios para um reajuste não linear, em que as classes docentes receberiam aumentos diferenciados entre si. 
 
As ADs, respaldadas pelas deliberações de suas assembleias, rejeitaram fortemente a proposta e exigiram do governo uma contraproposta “digna”, visto que as negociações, desde o ano passado, são discutidas em separado. O restante da incorporação da gratificação da CET é um direito dos docentes, uma conquista do MD na última greve estadual de 2011. A esse respeito, a única exigência das ADs é que o governo cumpra o Termo de Acordo do Magistério Superior, um documento firmado e assinado pelo executivo e pelos professores em 15 de junho de 2011. 
 
Já a Campanha Salarial 2012/2013, que reivindica reajuste de 28%, tem como base o estudo comparativo dos relatórios técnicos do DIEESE, que demonstram as perdas de poder aquisitivo da remuneração dos professores das Ueba nos últimos 20 anos. O aumento reivindicado seria para equiparar o salário dos professores da Bahia aos docentes da Universidade Estadual do Ceará, os melhores do Nordeste.
 
Segundo o MD, a proposta do governo, na prática, sugere que as ADs desprezem a conquista da CET, conseguida na última greve, e façam uma única negociação. Fato desejado pelo executivo, que entende a educação como gasto público e não como investimento social. 
 
O governo Wagner parece não ter aprendido com a greve de 115 dias, do ano passado, dos professores estaduais dos ensinos fundamental e médio, que prejudicou o ano letivo de milhares de alunos. Novamente o executivo demonstra falta de habilidade política e interesse nas negociações. A greve de 75 dias dos docentes das Ueba, em 2011, e as paralisações das atividades acadêmicas de outubro e novembro de 2012, demonstram o poder de mobilização do MD. A categoria é reconhecida por sua seriedade, por não blefar, e já planeja novas e contundentes ações de mobilização e enfrentamento ao governo.
 
Na reunião, representando a ADUNEB, estiveram as professoras Zózina Almeida, coordenadora do Fórum das Associações Docentes (ADs), Sinoélia Pessoa, diretora executiva, e Daniela Santos, diretora estadual. Também marcaram presença os professores das demais ADs das Ueba, representantes do ANDES-SN, do Fórum de Reitores e do governo estadual.