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Iniciação científica de estudantes da Uneb é destaque no país

 O estudante matriculado na Universidade Estadual da Bahia (Uneb) é o que possui a melhor condição de aprendizagem na graduação do Brasil, segundo ranking da QS Quacquarelli Symonds University Rankings, organização com sede na Inglaterra que avalia o desempenho de instituições de ensino superior.

A estadual baiana subiu 51 posições em um ano e, no ranking geral, passou da 175ª para a 124ª posição. No quesito relação estudante-faculdade, que representa 20% da nota total, entretanto, é a 4ª melhor da América Latina, na frente de qualquer outra instituição de ensino brasileira. A Ufba, que na lista final ficou em 59º lugar, neste critério ocupou a 31ª posição. 
 
Conforme a direção da universidade, os 198 grupos de pesquisa divididos em 107 cursos e os trabalhos de iniciação científica ajudaram a aproximar os alunos dos alunos e da produção de conhecimento. 
 
“Nossa iniciação científica tem 16 anos já, e é hoje considerada pelo próprio CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) a que melhor funciona no Brasil”, salienta o professor Leandro Coelho, que coordena todas as pesquisas em graduação da Uneb.
A excelência na iniciação científica, conforme salienta, se deve em grande parte ao sistema informatizado de recepção e avaliação contínua dos projetos. “Os técnicos do conselho nos visitaram e avaliaram vários critérios, como o cumprimento dos prazos, acompanhamento dos processos, formação dos docentes, e hoje eles recomendam outras universidades a adotar o nosso modelo”, completa.
 
Pesquisa 
A iniciação científica permite ao aluno participar de pesquisas científicas, produzir conteúdo, experiências que geralmente são possíveis somente nas pós-graduações. “Geralmente o professor pré-seleciona alunos mais dedicados, com maior vocação, muitos que trabalham como voluntários em projetos, e montam projetos e subprojetos focados no perfil de aluno. Sendo contemplados, eles passam a receber bolsas”, explica o professor. 
 
“O melhor é que 15% dos alunos retornam para a universidade nos programas de pós-graduação, e os que vão para o mercado têm formação diferenciada”, diz.
 
O CNPq, agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é responsável por 180 bolsas de R$ 360 que são concedidas a estudantes que participam das pesquisas desenvolvidas na graduação. 
 
Há ainda mais 120 bolsas pela própria Uneb e outras 74 através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).
Referência
Na ponta do que dá certo na Uneb, está o curso de Sistemas de Informação, sediado em Salvador, o mais bem avaliado da universidade segundo o Conceito Preliminar de Curso (CPC), utilizado pelo Ministério da Educação (MEC) para classificar os cursos superiores no país – em uma escala que vai de 0 a 5, recebeu nota 3,32. 
 
Lá, funciona o Núcleo de Arquitetura de Computadores e Sistemas Operacionais (Acso), grupo de pesquisa que ganhou destaque internacional jogando bola. O time Bahia Robotics Team (BRT) disputa com universidades de todo o mundo a Robocup Soccer, quem visa – até o ano de 2050 – construir um time de robôs capazes de derrotar a seleção de humanos campeã do mundo da última Copa do Mundo. 
 
Bons na bola e na informática, os baianos foram campeões na Robocup Japan Open 2010, vice no Robocup Iran Open 2011; ficaram em 3º lugar na Robocup Áustria 2009 e 4º no Robocup Cingapura 2010. 
“Hoje somos referência mundial na área”, ressalta o professor Josemar Rodrigues, coordenador do Acso. 
 
O objetivo do baba eletrônico não é apenas levar o caneco para casa. Segundo o professor, ao desenvolver sistemas de automação para robôs, é possível utilizar o conhecimento para a solução de problemas reais, como resgates de vítimas ou o apoio a pessoas com necessidades especiais.
Após pesquisar por quatro anos, o aluno Bruno Vinícios Silva, 26 anos, juntou-se com seis amigos para pôr no ar o site “Vitrine Inversa”, uma espécie de Mercado Livre ao contrário, em que as pessoas anunciam o que querem vender. “Começamos em fevereiro e a gente ainda está descobrindo nosso modelo de mercado, mas já ouvimos muita coisa interessante”, afirma.
Interdisciplinar 
Outro núcleo que funciona em paralelo ao curso de Sistemas de Informação é o Grupo de Pesquisa Comunidades Virtuais, que conta com a cooperação também de alunos dos cursos de Pedagogia e Desing. Lá são desenvolvidos jogos de informática educativos.
Um desses jogos é o Búzios: Ecos da Liberdade, em que os estudantes da rede pública estadual interagem com a história ao viverem personagens da Revolta dos Búzios; ou o Tríade, que trata sobre a Revolução Francesa. Há ainda jogos para ensinar negociação, planejamento e empreendedorismo.
Universidade também tem seu lado B
Na outra ponta do ranking está o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo sediado em Juazeiro – recebeu nota 0,83 no Conceito Preliminar de Curso (CPC), do Ministério da Educação, o que submeteu o curso a uma vistoria criteriosa do ministério que poderia acarretar o cancelamento da seleção de novos alunos.
“Em 2006, a parte técnica era uma deficiência. Não tinha laboratórios de rádio, de fotografia, de criação jornalística, e a maioria dos professores era da área de educação, não era de jornalismo”, rememora a ex-aluna Érica Daiane da Costa, 25, que ingressou em 2006. O penúltimo pior curso foi o de Enfermagem em Salvador.
Recebeu nota 1,27 conforme avaliação realizada em 2010. Segundo o aluno Natã Silva, 22, membro do Diretório Acadêmico da faculdade, os maiores problemas são a falta de infraestrutura de laboratórios e deficiências na grade curricular.
Ele destaca, entretanto, que uma reforma na grade está em curso e já começou a beneficiar os alunos que ingressaram deste ano. “Matérias como Farmacologia e Fisiologia, por exemplo, tinham carga horária pequena para o curso de enfermagem”, afirma.