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Debate no RN revela massacre das tropas brasileiras no Haiti

Militantes da Conlutas e do MST, no Rio Grande do Norte, prestigiaram o painel sobre a ocupação das tropas brasileiras no Haiti, realizado quinta-feira, no auditório do Sindsaúde-RN. A discussão, que contou com a presença do haitiano Frantz Dupuche, foi promovida pela Conlutas, entidades sindicais e ligadas aos movimentos populares do Estado. Dupuche expôs a realidade de um povo que tem lutado de todas as formas contra a imposição neoliberal dos EUA. Ligado a uma corrente popular do Haiti, ele afirmou que a maioria dos governos da América Latina está servindo aos interesses imperialistas. “Somente Cuba e Venezuela tem nos dado apoio institucional. Hugo Chavez mandou 300 ônibus, um navio e financiou a construção de duas usinas elétricas no Haiti. Já Fidel Castro contribuiu com médicos, engenheiros, profissionais de educação física e recebeu vários estudantes do Haiti para um intercâmbio”, afirmou.

Segundo Dupuche, a posição estratégica do Haiti, ilha caribenha incrustada entre a Venezuela e Cuba foi um dos motivos para os norte-americanos ordenarem a ocupação. Para o haitiano, está clara qual é a intenção imperialista. “Desde os anos 80, os EUA vêm implementando uma política neoliberal onde o estado não tem que mandar em nada, ou seja, tem que deixar tudo para a iniciativa privada. Depois que as tropas militares de vários países ocuparam o Haiti, aumentou a violência em nosso país”, disse.
 

Frantz Dupuche disse que o fato da mão-de-obra no Haiti ser muito barata, favorece a exploração. E revelou, para espanto de todos os trabalhadores presentes ao debate, que o salário mínimo haitiano vale 1 dólar e 70 centavos. “Por mês, um trabalhador na construção civil recebe 40 dólares. Os empresários dizem que se a gente não quiser eles em nosso país, ameaçam se mudar para o Comboja, onde a mão de obra é ainda mais barata”, afirmou.

Tropas Brasileiras

A presença das tropas brasileiras no Haiti, que completa 5 anos em 2009, foi criticada por Depuche. Um governo que se diz de esquerda, segundo ele, não poderia se prestar ao papel de servente dos EUA. Ele denuncia ainda que o vice-presidente do Brasil, o dono da Coteminas, José Alencar, já estuda a possibilidade de abrir uma filial da empresa no Haiti. “Ele mandou o filho dele ao Haiti para analisar a possibilidade de implantar a Coteminas lá”, disse.

O haitiano também critica a maneira repressora das tropas brasileiras. A violência e a pobreza no país aumentaram depois da chegada dos militares. E pede a solidariedade do povo brasileiro para exigir a saída do Exército do Haiti. “A presença militar é o que garante a política neoliberal. As milícias distribuem armas para os bandidos justamente para justificar a violência. Por isso, pedimos o apoio de vocês”, disse.

Na sexta-feira, a Conlutas voltou a participar de um debate que contou com a presença do haitiano Fratz Dupuche num seminário sobre a revolucionária Rosa Luxemburgo, no auditório da Biblioteca Zila Mamede, na UFRN