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Greves e manifestações Trabalhadores europeus vão às ruas contra planos de arrocho

Centenas de milhares de europeus saíram às ruas das principais capitais dos países da União Europeia nesta quarta-feira. Eles estão protestando contra medidas de arrocho aplicadas pelos diversos governos para amenizar a crise financeira jogando nas costas de trabalhadores, estudantes e aposentados a conta dessa crise. Houve manifestações e greves na Grécia, República Tcheca, Bélgica, Itália, Luxemburgo, Dinamarca e França.

Os protestos foram convocados pela Confederação Europeia. Também está previsto para esta quinta-feira um ato em frente à Comissão Europeia de Bruxelas, onde os chefes de Estado europeus vão discutir soluções para os problemas econômicos atuais da zona euro. Os militantes vão formar um cinturão humano para simbolizar o arrocho nos orçamentos.

De acordo com notícia no Opera Mundi, o secretário-geral da confederação, John Monks, denunciou as medidas que vêm sendo implantadas pelos governos. "Os planos de rigor atingem salários, pensões e benefícios sociais. Estão desmantelando a nossa Europa social", disse o sindicalista a Rádio França Internacional, acrescentando que, "enquanto o povo sofre, os bancos embolsam os lucros e transferem suas perdas".

Grécia - Novamente os gregos foram para as ruas e realizaram expressivas greves e manifestações. Já nas primeiras horas da manhã os aeroportos e outros meios de transporte, como trens, paralisaram suas atividades. Hospitais públicos atenderam somente as emergências, assim como os tribunais, ministérios, creches e bancos só prestaram serviços mínimos.

Segundo notícia publicada na página do UOL, as manifestações foram marcadas por violentos incidentes com forte repressão policial. Em Atenas, ocorreram enfrentamentos e os manifestantes gritavam exaustivamente: "Ladrões, ladrões, devolvam o dinheiro do povo" e "não pagaremos, não pagaremos", em direção aos 300 parlamentares da Câmara.

A União de Funcionários Fiscais (Adedy) convocou uma manifestação em frente ao Parlamento e nas principais cidades gregas, em protesto contra as demissões no setor e os cortes de até 25% em salários e pensões imputados nos últimos dez meses.

Houve um incêndio em frente a um hotel de luxo e a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo obtendo como resposta o lançamento de pedras.

As manifestações vêm recebendo forte apoio da população.

Um dos motivos da radicalização das mobilizações na Grécia foi a aprovação nesta terça-feira (14) pelo Parlamento de reformas que, entre outras questões, estabelece um teto para os salários de funcionários de vários serviços públicos, como dos transportes.

Segundo notícia da BBC, no setor privado, os empregadores não precisarão mais respeitar acordos negociados pelos sindicatos e poderão definir eles mesmos os salários dos trabalhadores.

Relatório da OIT - Segundo a BBC, um relatório divulgado nesta quarta-feira, em Genebra (Suíça), pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) aponta que a crise econômica e financeira global reduziu à metade o crescimento dos salários no mundo. Esse crescimento passou de 2,8% em 2007 para 1,5% em 2008 e 1,6 em 2009. Estima-se que apenas 37,5% dos trabalhadores que ganham baixos salários possam melhorar seus rendimentos, enquanto 18,3% correm o risco de ficar desempregados.

A notícia traz ainda uma declaração do diretor-geral da OIT, Juan Somavia, onde ele menciona o aumento de demissões e a queda no poder de compra da população. "A crise foi dramática não apenas para milhares de pessoas que perderam seus trabalhos, mas ela também afetou aqueles que mantiveram seus empregos, reduzindo drasticamente seu poder de compra e bem-estar geral", afirmou.

O relatório analisou dados de 115 países, que englobam 94% dos quase 1,4 bilhão de trabalhadores assalariados no mundo.

Manifestações e greves - A resistência dos trabalhadores europreus vêm ocorrendo desde que a crise iniciada nos Estados Unidos, no final de 2008, afetou a Europa. De lá para cá já foram dezenas de greves gerais, paralisações por categorias e manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas.

Todo o ano de 2010 foi marcado por mobilizações no continente europeu. As mais fortes foram na Grécia, Inglaterra, França, Espanha, Itália e Portugal, mas ocorreram na grande maioria dos países. As lutas contavam em sua vanguarda com trabalhadores e aposentados devido aos ataques aos direitos trabalhistas e aposentadorias. Em agosto foi a vez dos estudantes de diversos países, principalmente da Inglaterra, fortalecerem as mobilizações. Desta vez contra o aumento das mensalidades escolares ou dos valores dos créditos educativos.

Os ataques vêm de todos os lados e a resistência é grande, mesmo assim a União Européia vem avançando na implementação do plano de "austeridade", como os governos chamam os ataques sociais. 

É importante que os trabalhadores, aposentados e estudantes brasileiros fiquem atentos ao que ocorre na Europa, porque o Brasil não é uma ilha isolada. O governo Dilma Roussef (PT) prepara a reforma da previdência, reafirmará o ataque à aposentadoria via manutenção do fator previdenciário e a precarização dos serviços públicos. É necessário começar a organizar a resistência desde já.

 

Fontes: UOL, BBC Brasil, Ópera Mundi