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Diante do avanço da barbárie machista, o futebol é um palco privilegiado.

Um vendaval machista se impõe na nossa sociedade atual. Com o avanço da flexibilização e retirada de direitos, do desemprego, da fome e da miséria, aprofunda-se na sociedade toda sorte de preconceitos e falsas ideologias que justifiquem a inferiorizarão e a submissão de determinados setores que na nossa sociedade são tratados como inferiores, servindo assim a interesses de dominação e exploração da classe dominante e do estado burguês.

Isso acontece com negras e negros, homossexuais, imigrantes e com as mulheres. Que são submetidos à uma situação de violência física, psicológica e econômica cotidianamente.

O machismo têm crescido de forma brutal e visível nos dias atuais, junto com o machismo a degeneração moral e a perda de referenciais.Algo que têm se expressado nas letras de música que fazem uma verdadeira campanha de mercantilização do corpo da mulher e de apologia a violência. Com refrões de que “um tapinha não dói”..., “olhas as cachorras”, funks e bregas são grandes expressões de machismo.Assim com telenovelas, programas de humor, propagandas de cerveja, enfim, a grande mídia de forma geral.

Mas um palco privilegiado de brutais expressões do machismo têm sido o futebol.
Temos assistido nos noticiários o caso do goleiro e capitão do Flamengo, Bruno, protagonista de uma história cruel que chegou ao extremo por causa da impunidade. Ele é suspeito de matar, desossar e jogar aos cães o cadáver de Eliza Samudio, com quem teve um relacionamento e um filho.

Ela está desaparecida há semanas depois de teria ido passar uma temporada com o filho no sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG). Bruno, com a ajuda de amigos, teria sequestrado a jovem e o bebê de quatro meses que seria filho do jogador. Eles teriam espancado Eliza até a morte , desossado seu corpo e o jogado aos cães. Depois teria acimentado seus ossos, segundo depoimentos de um dos participantes que confessou ter sido cúmplice do crime.

A criança foi entregue a um terceiro pela esposa de Bruno, Dayanna Souza e a pessoa depôs dizendo que tinha sido orientada a fazer o bebê desaparecer. O pai de Eliza já encontrou o menino e conseguiu sua guarda.

O final dessa história já era previsível pela impunidade com que o jogador foi tratado, pois sua fama de agressor de mulheres não vem de hoje, pelo contrario, ele já havia agredido Joana, ex namorada do jogador Adriano do flamengo e no caso de Elisa, o histórico de agressões e ameaças é longo, já havia sido denunciado pela jovem, mas nada foi feito.

Podemos no caso do futebol citar vários outros casos, como o do jogador Felipe melo, que comparou a bola da copa do mundo, a jabulane, com uma mulher dizendo que ela parecia uma ““patricinha que não gosta de ser chutada”.Ou mesmo do Adriano , então jogador do flamengo que mandou amarrar sua ex namorada numa árvore.

Em todos os casos de machismo e violência contra as mulheres no futebol, assim como no conjunto da sociedade, encontramos várias coisas em comum.A impunidade que permite que esses casos cheguem ao seu extremo pondo fim a vida das mulheres, a naturalização da violência, que faz tudo parecer absolutamente normal e a idéia de que todo homem tem direito de se impor sobre as mulheres da forma que achar melhor, seja através da violência física, sexual, moral ou psicológica.A idéia de que a mulher é um mero objeto de prazer , que deve ser usado e depois jogado aos cães.

É preciso combater o machismo de frente e com força. É preciso enfrentar frontalmente o machismo e a violência com a força das mulheres organizadas e em luta em defesa seus direitos e mais, em defesa de suas vidas e do direito de serem encaradas como gente, e não como “cachorras”.

“Nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria”!Esse foi o canto coletivo de centenas de mulheres no dia 3 de abril ao final do II encontro de mulheres da Conlutas. E essa é e será nossa luta de todos os dias, pela punição exemplar dos agressores de mulheres, por assistência médica, psicológica e jurídica para as vítimas de violência, por casas abrigo, pleno emprego e salário igual para trabalho igual.


Janaina Rodrigues integrante do Movimento Mulheres em Luta e da Secretaria Nacional da CSP-CONLUTAS