Aduneb-Mail

ADUNEB-Mail 2017 – Edição 695 (05/05/17)

 Cem anos da Revolução Russa foi tema de debate na ADUNEB

O auditório da ADUNEB recebeu na quarta-feira (03) o debate “Cem Anos da Revolução Russa”, que também teve transmissão por videoconferência disponibilizada a todos os campi da Uneb. A atividade faz parte da I Jornada de Formação Política do sindicato dos docentes da Uneb, que ocorrerá até o mês de agosto. Os expositores foram os professores Antonio C. Mazzeo (USP) e Luiz B. Pericás (USP), tendo como mediador o docente Vamberto Ferreira (Uneb). A ação é uma iniciativa do Grupo de Trabalho da ADUNEB de Política de Formação Sindical (GTPFS). 

Segundo os organizadores do debate, o tema dos Cem Anos da Revolução Russa foi escolhido devido o fato ser um dos mais importantes eventos históricos do século XX. Refletir sobre o centenário da revolução é pautar as conquistas do proletariado daquele período, suas formas de organização e confrontar com a atual ofensiva conservadora e a retirada de direitos trabalhistas e sociais.   

Professor de história contemporânea da USP, Luiz Pericás, abordou a repercussão e influência na Revolução Russa no Continente Americano. As reflexões do pesquisador iniciaram na segunda metade do séc. XIX. De acordo com Pericás, foi a partir de 1917, ano da revolução, que Lênin e o socialismo passaram a ter maior importância no cenário mundial. Até então, pensadores marxistas acreditavam que uma revolução nas Américas, a partir da classe trabalhadora, inicialmente ocorreria nos Estados Unidos, pois era o país em maior desenvolvimento industrial e com uma classe operária mais definida.  

Sobre a influência de 1917 nas Américas, Luiz Pericás analisou vários países e como a revolução pautou a organização dos trabalhadores em cada um deles, a exemplo de Peru, Cuba, México e Argentina. O pesquisador ainda abordou o período após a morte de Lênin (1924), o fortalecimento do novo líder Josef Stalin e a maneira com que impôs as diretrizes do Partido Comunista Soviético aos PCs dos países das Américas, movimento conhecido como “Bolchevização”. 


Mazzeo, Ferreira e Pericás durante o debate
 
Brasil

O cientista político Antonio Mazzeo centrou sua análise nas influências da Revolução Russa no Brasil e fez um histórico do movimento comunista no país. Para o professor, os ideais comunistas começaram a entrar no Brasil a partir da chegada dos imigrantes, em meados do séc. XIX, originários das crises econômicas dos Estados Unidos e Europa. Eram principalmente italianos, espanhóis e alemães, fugidos de guerras e despossuídos de terras. Foram esses trabalhadores, que por meio de um movimento anarcossindical, iniciaram os protestos da classe operária por conquistas de direitos trabalhistas.

Sobre as primeiras formas de organização dos trabalhadores no país, no mesmo ano da Revolução Russa (1917), Antonio Mazzeo citou a histórica greve na capital paulista. O protesto que começou com os trabalhadores de três grandes fábricas, influenciou o surgimento de revoltas em todo o país, inclusive na Bahia. Mazzeo relatou ainda a atuação de líderes comunistas do período, como Astrojildo Pereira e Otávio Brandão; o nascimento do Partido Comunista Brasileiro; o distanciamento do anarcossindicalismo e a construção de movimentos mais organizados e pautados em ações mais unificadas.

Após as falas, foi aberto um debate com a participação da plateia, inclusive de professores dos campi do interior, que acompanhavam pela videoconferência, a exemplo dos campi de Senhor do Bonfim, Guanambi e Teixeira de Freitas. A próxima etapa da I Jornada de Formação Política da ADUNEB será no dia 22 de julho, com o tema “O Estado capitalista no Brasil: as contrarreformas em curso”, com a participação dos professores Plínio de Arruda Sampaio Jr. (Unicamp) e Eurelino Coelho (Uefs). 


Participantes atentos à atividade, que também foi transmitida por videoconferência

 

Comitê Uneb pela Democracia faz Ciclo de Debates: “O Ataque à Democracia no Brasil”

O Comitê Uneb pela Democracia realizará entre os meses de maio e junho o Ciclo de Debates: O Ataque a Democracia no Brasil. A primeira atividade será sobre o tema Desconstruindo o Programa Uma Ponte para o Futuro, que acontecerá nesta segunda-feira (8), às 15h, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb), no Campus I da instituição, em Salvador. Os debatedores serão o deputado Davidson Magalhães e a professora Núbia Ramos (Uneb).

De acordo com os organizadores, a iniciativa tem como objetivo discutir temas polêmicos que têm movimentado a vida política brasileira como a reforma da pPevidência, o fim do financiamento público, a judicialização da política e o ataque à soberania nacional.

Toda a programação do ciclo é gratuita e aberta ao público. Não há necessidade de inscrição prévia.

O Comitê Uneb pela Democracia foi instalado em dezembro de 2016. É formado por representantes dos segmentos docente, discente e técnico, além da gestão central da Uneb, e tem como objetivo defender a formação acadêmica crítica, incentivar debates e auxiliar a comunidade na compreensão da realidade.

Confira a programação completa:

 
# Texto Comitê Uneb pela Democracia, com edição ADUNEB.


A luta das mulheres deve fortalecer a greve geral

O 8 de Março deste ano foi marcado por mais de 600 atos no mundo onde mais de 5 milhões de pessoas foram às ruas para denunciar os ataques das políticas neoliberais às mulheres. Desde a convocação da greve internacional de mulheres, a luta contra o machismo e todas suas repercussões na sociedade se aprofundou e evidenciou o protagonismo das mulheres nas lutas da classe trabalhadora. 

Contudo, é importante dizer que esse fortalecimento da luta feminista não começou de agora. Algumas manifestações como o “Ni uma a menos” da Argentina que levantou a bandeira do combate à violência; a greve de mulheres na Polônia que derrotou o projeto da igreja e da ala conservadora do governo de criminalizar ainda mais a pratica do aborto naquele país; as próprias manifestações que aconteceram no Brasil pelo “Fora Cunha” e contra o seu PL 5063/13, bem como contra a cultura do estupro, são algumas expressões da disposição de luta das mulheres. 

Essa mesma disposição se deu nas ocupações das escolas secundaristas, nas greves e paralisações das diversas categorias com maioria de mulheres como educação, saúde, funcionalismo público, nas manifestações da população negra contra o racismo e o genocídio da juventude negra. 

Aumenta os ataques, aumenta a resistência!

Todas essas mobilizações responderam ao aumento do machismo e da violência, em tempos de crise econômica. Isso porque as políticas de corte nos orçamentos públicos, de retirada de direitos e demissões em massa, afetam diretamente as condições de vida das mulheres e as expõem em situação de maior vulnerabilidade. 

Enquanto o mapa da violência 2015 aponta o número de 13 assassinatos de mulheres por dia, no Brasil, o Governo Temer corta 61% do orçamento de politicas para atenção as vitimas de violência machista. Já sofremos com poucos investimentos desde o governo Dilma/PT que, mesmo com crescimento econômico, investiu míseros 0,26 centavos por cada mulher agredida, com a desculpa da crise econômica o investimento é ainda mais insignificante. 

Os mesmos políticos conservadores que tentam aprofundar a criminalização da pratica do aborto no país fazem parte do mesmo setor envolvido nos processos de corrupção que, na prática, acabam impedindo a garantia das condições para que as mulheres exerçam a maternidade, com acesso a creches, atenção em saúde, emprego e salário digno, moradia, etc.

Da mesma forma, a política de retirada de direitos que o Governo Temer e seus aliados querem aprofundar, dentre as quais estão a reforma da previdência, a reforma trabalhista e a ampliação da terceirização; vão penalizar em especial as mulheres, negras e negros, LGBT’s e jovens da classe trabalhadora. 

Quais os prejuízos que as mulheres terão com as reformas

A reforma da previdência prejudica as mulheres porque despreza que existe desigualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho. Ignora que as mulheres recebem os piores salários, que administram os afazeres domésticos/cuidado dos filhos com o trabalho da rua e que nos postos de trabalho adoecem mais porque estão em piores condições. Todos estes elementos já impedem as trabalhadoras de contribuir por 30 anos, imaginem por 49 anos! Aumentar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos é impor as mulheres trabalhadoras, sobretudo às negras, uma realidade de morrer sem se aposentar. 

Mas essa reforma vai muito além, colocando paras as trabalhadoras uma situação de total precarização. Desvincula o valor da aposentadoria do valor do salário mínimo; proíbe a acumulação de dois benefícios tais como pensão por morte, auxílio reclusão e aposentadoria; acaba com aposentadoria especial da educação básica, cuja base é composta por 80% de mulheres; impõe aos trabalhadores rurais as mesmas regras de aposentadoria do trabalhador da cidade. Em todas essas situações, as mulheres serão as maiores prejudicadas, dadas as desigualdades que o machismo faz expressar no mercado de trabalho e em todas as esferas sociais. 

A reforma trabalhista é o rosto da escravidão. O governo afirma que a flexibilização das leis daria liberdade aos trabalhadores. Esta liberdade seria permitir que o patrão aumente a jornada de trabalho para 12 horas, parcele as férias em até 3x, diminua horário de almoço, salários abaixo do mínimo, para as mulheres acrescenta-se perda da licença maternidade, do auxílio creche, impedimento que as trabalhadoras se organizem sindicalmente. 

A reforma trabalhista rasga a CLT! Se hoje as mulheres trabalhadoras já adoecem mesmo com alguns direitos assegurados, imaginem sem o amparo já limitado da CLT. Alguns setores, como as trabalhadoras domésticas, que na atualidade já não tem todos os direitos da CLT garantidos, terão seus direitos ainda mais restritos. Ou mesmo mulheres LBT’s que se encontram, em sua maioria, nos serviços terceirizados, informais e precarizados estarão expostas de maneira mais latente aos trabalhos temporários, sem direitos assegurados e sem perspectiva de estabilidade.  

O lugar das mulheres é na greve geral!

Por isso, é fundamental que toda a força e disposição de luta que as mulheres vêm demonstrando no último período estejam a serviço da construção de uma forte greve geral no país, que junto com os homens trabalhadores possa derrotar as reformas, o governo Temer e todo o congresso corrupto.  

Para construir a greve geral é necessário que as mulheres trabalhadoras organizem em seu ambiente de trabalho, local de moradia e junto à sua família, a paralisação das atividades. Construir os comitês populares contra a reforma da previdência e trabalhista que vai ordenar as iniciativas e propagação do movimento de resistência dos trabalhadores, incorporando em todos esses espaços as pautas históricas da luta das mulheres, bem como o combate ao racismo e à LGBTfobia.  

Pela vida das mulheres! Nenhuma a menos, nenhum direito a menos! Greve geral já!

Setorial de Mulheres da CSP-Conlutas

 
Versão E-mail